Copa Rio e Mundial de 2000: Brasil foi a vanguarda do Super Mundial da Fifa | OneFootball

Copa Rio e Mundial de 2000: Brasil foi a vanguarda do Super Mundial da Fifa | OneFootball

In partnership with

Yahoo sports
Icon: oGol.com.br

oGol.com.br

·12 June 2025

Copa Rio e Mundial de 2000: Brasil foi a vanguarda do Super Mundial da Fifa

Article image:Copa Rio e Mundial de 2000: Brasil foi a vanguarda do Super Mundial da Fifa

A Fifa organizou para este mês o maior campeonato de clubes envolvendo todos os continentes da história. 32 equipes estarão nos Estados Unidos lutando pelo título do Super Mundial de Clubes. A competição é inédita, mas sua ideia tem raízes brasileiras, em três edições que podem ser consideradas como a vanguarda do atual Mundial de Clubes da Fifa.

Para falar da primeira delas, precisamos voltar sete décadas. Lá em 1950, quando o Brasil acabara de perder a final da Copa do Mundo para o Uruguai. De luto, o futebol brasileiro queria uma chance de redenção. Mas sem precisar esperar quatro anos até a próxima Copa. A ideia, então, foi criar a Copa Rio, uma espécie de Copa do Mundo de clubes...


OneFootball Videos


A tão falada Copa Rio

A Copa Rio foi organizada pela Confederação Brasileira de Desportos, precursora da CBF, como forma de amenizar a derrota no Maracanã um ano antes. A entidade conseguiu reunir campeões sul-americanos e europeus em um campeonato disputado no Rio de Janeiro e em São Paulo. O troféu foi doado pela prefeitura do Rio, daí o nome Copa Rio.

O jornalista Mário Filho, que dá nome ao Maracanã, foi uma figura fundamental para o campeonato e, segundo o Jornal do Brasil, além de ser importante na divulgação do torneio, Mário Filho teria dado a ideia da criação da Copa Rio à CBD.

O então presidente da Fifa, Jules Rimet, sustentou publicamente a ideia de que a competição não precisava do aval da Fifa, já que era um torneio entre clubes. Mas Rimet era um entusiasta da competição e teria dado apoio, nos bastidores, a dirigentes da Fifa que estiveram no Rio de Janeiro. Algumas fontes garantem que Rimet esteve no Rio durante a competição, algo que nunca foi confirmado.

A ideia inicial era convidar as principais equipes dos países que conseguiram destaque na Copa de 1950. A CBD, na época, contou com o auxílio de nomes importantes da Fifa, como Stanley Rous e Ottorino Barassi para negociar a participação das equipes, o que não evitou algumas ausências e outras desistências. O sueco Malmo acabou não convidado, e os espanhóis Atlético de Madrid e Barcelona declinaram o convite, assim como o Milan, da Itália, e o Tottenham, da Inglaterra.

Desfeitas as dúvidas e superados os obstáculos, mesmo sem alguns campeões nacionais importantes, a Copa Rio contou com as presenças de Nice (campeão francês), Juventus (terceira colocada no Italiano), e Estrela Vermelha campeão da Iuguslávia no grupo do campeão paulista Palmeiras.

No Rio, junto com o campeão carioca, Vasco, ficaram o Áustria Viena (terceiro colocado na Liga Austríaca), Nacional (campeão uruguaio) e Sporting (campeão português). A participação do campeão uruguaio gerou polêmica no país, e o Nacional chegou a ter de pagar uma indenização a cada equipe menor de Montevidéu pela paralisação do campeonato local. O México, que participou da Copa de 1950, pediu a inclusão do Atlas, campeão nacional, mas teve o pedido negado pela CBD.

No grupo carioca, o Vasco, de Barbosa e Danilo, considerados vilões em 1950, confirmou o favoritismo avançando na liderança. Mas o Palmeiras ficou atrás da Juventus no grupo B, o que decretou um encontro brasileiro na semifinal.

Foram dois jogos no Maracanã: no primeiro, Liminha garantiu, já perto do fim, a vitória palestrina por 2 a 1. O 0 a 0 do segundo jogo garantiu os paulistas na decisão, a ser disputada contra a Juventus. E o cenário se repetiu na decisão em dois jogos...

A Juventus, que havia goleado o Verdão na fase de grupos, perdeu o primeiro jogo da final por 1 a 0. No segundo, o Maracanã, que contou com mais de 100 mil pessoas, gritava "Brasil, Brasil", esperando que o Palmeiras recuperasse algum orgulho nacional após o Maracanazo. Um animado empate em 2 a 2 fez os brasileiros, enfim, serem campeões do mundo. Algo que se repetiria no ano seguinte.

De novo organizada pela CBD, com a presença de Ottorino Barassi mais uma vez como um emissário da Fifa, a Copa Rio serviu como comemoração do cinquentenário do Fluminense, que pediu a CBD para que o evento, que inicialmente seria disputado em 1953, fosse antecipado um ano.

A segunda, e última, edição da Copa Rio sofreu com mais desistências e, também, com a concorrência da Pequena Taça do Mundo, torneio disputado na Venezuela que foi preferido por equipes como Millionarios e Real Madrid. Barcelona, Nice e Juventus declinaram do convite em prol da participação em outro torneio, a Copa Latina.

Esvaziada, a Copa Rio de 1952 contou com o Áustria Viena, Libertad e Saarbrücken no grupo do paulista Corinthians; e com Peñarol, Sporting e Grasshoppers na chave do Fluminense. Dessa vez, os brasileiros dominaram seus respectivos grupos.

Na semifinal paulista, o Peñarol perdeu o primeiro jogo por 2 a 1 e acabou desistindo de participar do jogo de volta por alegada falta de segurança. Os uruguaios pediram para que a partida fosse realizada no Rio de Janeiro, algo negado pelos corintianos. Então o Timão avançou pela vitória na ida.

Já o Fluminense venceu as duas partidas contra o Áustria Viena, a segunda por goleada. Na decisão do Maracanã, contou com o ídolo Orlando Pingo de Ouro e Marinho para vencer a ida, e em seguida arrancou um empate em 2 a 2 para ser o campeão da segunda e última edição da Copa Rio.

Até hoje, a Fifa não reconhece as duas conquistas brasileiras como Mundiais de Clubes. Em ata de reunião que aconteceu em junho de 2014, a entidade, entretanto, resolveu "atender a requisição da CBF para reconhecer o torneio de 1951 entre clubes da Europa e América do Sul vencido pelo Palmeiras como a primeira competição mundial de clubes".

O primeiro Mundial de Clubes da Fifa

Para a Fifa, o primeiro Mundial de Clubes aconteceu em 2000, mas com cara de Copa Rio: com sedes em Rio e São Paulo e com um representante carioca e outro paulista. O Maracanã seguiu como a casa carioca, enquanto o Morumbi substituiu o Pacaembu como palco paulista.

Dessa vez, pela chancela da Fifa, o torneio foi aberto a equipes de outros continentes, fora América do Sul e Europa. Seis equipes foram indicadas por confederações, o Real Madrid participou como o campeão da Copa Intercontinental de 1998 e a CBF indicou um representante brasileiro.

O Corinthians entrou como o representante da CBF e o Vasco, campeão da Libertadores de 1998, foi o escolhido pela Conmebol, apesar do Palmeiras ter sido campeão do torneio sul-americano em 1999. O Verdão teria acatado a escolha pela promessa de participar do Mundial de 2001, que acabou não acontecendo pela falência da ISL, parceira de marketing da Fifa que ajudava a organizar o torneio.

No grupo A, do Corinthians, ficaram Real Madrid, Al Nassr e Raja Casablanca. No B, do Vasco, Necaxa, Manchester United e South Melborne. Paulistas e cariocas terminaram na liderança das respectivas chaves.

Momentos marcantes, como o golaço de Edílson, o Capeta, contra o Real Madrid, com direito a caneta, e o de Edmundo contra o Manchester United, com um drible inesquecível, embalaram as campanhas dos brasileiros.

Na final do Maracanã, empate sem gols no tempo normal. Nos pênaltis, o Corinthians aproveitou o erro de Edmundo para se sagrar como primeiro campeão mundial de clubes plenamente reconhecido pela Fifa. Quase 50 anos depois da Copa Rio.

25 anos após a realização do primeiro Mundial de Clubes, e 74 depois da Copa Rio vencida pelo Palmeiras, a Fifa promete organizar o maior campeonato entre clubes já disputado. A ver que lugar na história essa competição terá...

View publisher imprint