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·11 June 2025

Com caso VaideBet “parado”, polícia continua investigação de denúncias anônimas sobre Andrés, Duilio e outros

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  1. Por Daniel Keppler e Larissa Beppler / Redação da Central do Timão

Quase três semanas após o indiciamento do presidente afastado do Corinthians Augusto Melo ter sido recomendado pelo delegado Tiago Fernando Correia, responsável pelo caso VaideBet no Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) da Polícia Civil de São Paulo, o inquérito ainda não foi concluído. Além dele, também aguardam a finalização das investigações Sérgio Moura, Marcelo Mariano e Alex Cassundé, que igualmente tiveram seus indiciamentos recomendados pelas autoridades

Segundo apuração da Central do Timão, o inquérito segue pendente porque o advogado de Yun Ki Lee, ex-diretor jurídico do Corinthians, cuja conduta também está sob análise da polícia no caso VaideBet, ainda não foi habilitado para acessar os autos. Embora o pedido de habilitação tenha sido protocolado há quase um mês, a Justiça ainda não teria concedido a solicitação, o que tem estagnado a entrega do relatório final e atrasado o envio do inquérito ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP).


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Foto: Divulgação/Corinthians

Durante a apuração, no entanto, foi possível obter informações sobre outro inquérito conduzido pela mesma delegacia, também relacionado ao Corinthians. Trata-se de uma investigação aberta em 2023 para apurar denúncias anônimas feitas à época contra diversos dirigentes e aliados das gestões da Renovação e Transparência no clube, incluindo os ex-presidentes Andrés Sanchez e Duilio Monteiro Alves.

Além dos ex-dirigentes, também foram citados nas denúncias o ex-candidato à presidência André Luiz Oliveira, o conselheiro vitalício Manoel Ramos Evangelista, conhecido como “Mané da Carne”, e o empresário Fernando Garcia. As acusações envolvem suspeitas de lavagem de dinheiro por meio de desvios de recursos do clube para fins particulares, supostamente realizados por meio de fraudes em transações com jogadores e patrocinadores.

O caso voltou a ser tema de debates entre torcedores nas redes sociais após a divulgação de um possível arquivamento das denúncias contra Duilio no Ministério Público. No entanto, pessoas ligadas à investigação na Polícia Civil, ouvidas pela Central do Timão, garantem que o inquérito continua em andamento, sob segredo de justiça, e aproveitaram para resumir à redação tudo o que já foi realizado desde 2023 para apurar o caso.

A investigação teve início em 27 de junho de 2023, quando o MP-SP recebeu três denúncias anônimas feitas digitalmente às autoridades. Essas denúncias mencionavam os cinco nomes citados anteriormente e traziam acusações de “corrupção e desvio de dinheiro” no Corinthians, atribuídas à chapa Renovação e Transparência e à empresa Elenko Sport, da qual Fernando Garcia é proprietário.

De posse das denúncias, o Ministério Público solicitou à Divisão de Investigações sobre Crimes contra a Fazenda, da DPPC, a abertura de um inquérito, o que foi atendido em 19 de setembro de 2023. No entanto, em 9 de novembro, a Polícia Civil elaborou um relatório no qual afirmou que “não foi possível angariar elementos contundentes que corroborassem os quadros delitivos descritos nas denúncias, inviabilizando, assim, o aprofundamento da investigação”.

Segundo apuração da redação, as principais dificuldades iniciais apontadas pela polícia estavam nas próprias denúncias, consideradas genéricas, sem a indicação de um fato certo e determinado, tampouco detalhando quais transações financeiras seriam suspeitas ou quando teriam ocorrido. Uma das fontes ouvidas pela Central do Timão comparou a situação com o caso VaideBet, destacando que, neste, a investigação teve início a partir de um evento claro, específico e amplamente noticiado, inclusive em relação aos envolvidos.

Coube então ao MP-SP deliberar sobre o relatório da polícia, e a decisão foi de prosseguir com as investigações, o que a DPPC fez. Conforme apurado pela redação, em janeiro de 2024, a Polícia Civil acionou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) em relação aos cinco nomes citados nas denúncias, recebendo do órgão quatro Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs), que detalhavam tanto aspectos da vida pessoal dos envolvidos quanto movimentações relacionadas ao Corinthians.

Após a análise dos relatórios, porém, as autoridades não identificaram, até o momento, elementos que caracterizem a chamada “infração penal antecedente”, requisito indispensável para a configuração do crime de lavagem de dinheiro. No entanto, diante da detecção de algumas transações atípicas, a Polícia Civil expediu, desde o início de 2024, um total de 91 intimações a pessoas que mantiveram relações financeiras com os alvos das denúncias, resultando em 23 oitivas realizadas.

A fonte ouvida pela Central do Timão assegurou que o inquérito continua em andamento na DPPC, com diligências ainda previstas para que todos os fatos sejam devidamente apurados. Resta, então, a pergunta: de onde surgiu o rumor sobre o suposto arquivamento das denúncias contra Duilio Monteiro Alves?

A polêmica teve início após o inquérito policial receber uma atualização no sistema do Ministério Público de São Paulo. Ao consultar a página de processos pelo número do MP-SP vinculado ao inquérito (13.1203.0000321/2024), cujo print pode ser visto logo abaixo, é possível verificar que o status atual aparece como “arquivado”, com a última atualização registrada em 23 de maio deste ano, data em que foi incluída a anotação “ciência de arquivamento”, especificamente em relação ao antecessor de Augusto Melo no Corinthians.

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A Central do Timão consultou, então, um advogado para entender a possível discrepância entre as informações do sistema do MP-SP e o que foi relatado por fontes da DPPC. Segundo o especialista, o status “ciência do arquivamento” costuma aparecer no sistema quando o Ministério Público já se manifestou pelo arquivamento do caso, e o juiz responsável acolheu esse pedido, registrando a ciência da decisão.

No entanto, o advogado acrescentou que, em tese, deveria haver, logo após o status “ciência do arquivamento”, uma nova atualização com a descrição “promoção de arquivamento”, que é o ato que efetivamente encerra o inquérito e gera efeitos legais. Ao acessar o processo no sistema do MP-SP nesta quarta-feira, 11, a Central do Timão verificou que nenhuma nova movimentação foi registrada.

Segundo o advogado consultado, essa inconsistência pode ser resultado de um erro de lançamento ou até mesmo de uma possível invasão do sistema, hipóteses que também estão sendo consideradas pela Polícia Civil, que apura o caso em conjunto com o órgão.

A expectativa é que, após a conclusão de todas as diligências, a Polícia Civil elabore um novo relatório sobre o caso, que será novamente submetido à análise do MP-SP. O documento deve contemplar não apenas a situação de Duilio Monteiro Alves, mas também a dos demais citados nas denúncias anônimas de 2023. Até o momento, nenhum dos investigados neste inquérito foi indiciado.

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