Cartas Abertas de um são-paulino para dois são-paulinos, por Rodrigo Vargas | OneFootball

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·16 July 2025

Cartas Abertas de um são-paulino para dois são-paulinos, por Rodrigo Vargas

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Carta Aberta ao Presidente de Honra da Torcida Tricolor Independente, Sr. Henrique Gomes, o Baby


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Prezado Baby,

Gostaria de iniciar esta mensagem enaltecendo a conduta exemplar da Torcida Tricolor Independente (TTI) nos últimos anos. Sua dedicação e trabalho árduo têm contribuído positivamente ao São Paulo Futebol Clube, seja pelo apoio incondicional ao time, ações sociais com as crianças são-paulinas, estrutura da sede social da TTI ou no combate à violência nas arquibancadas. Essas atitudes demonstram comprometimento, competência e paixão genuína pelo clube.

A TTI tem se destacado como um dos maiores ativos do São Paulo, refletindo a força e a influência que a torcida organizada possui dentro do universo tricolor. Por isso, merece cada vez mais ser ouvida e respeitada pelo clube, reconhecendo seu papel fundamental na história e no presente do clube.

Tenho a convicção de que, mais cedo ou mais tarde, você, Baby, poderá assumir a presidência do São Paulo, caso o clube não seja vendido a algum bilionário até lá. Contudo, hoje, sua importância é imensa. Você representa a paixão da família tricolor, seja entre os organizados ou não, e por isso deve ter acesso às informações e aos debates internos do clube, sempre de forma respeitosa e construtiva.

Seu papel, realmente, não é invadir ou tumultuar, mas sim cobrar providências, exigir profissionalismo e competência na gestão. A conversa direta com os jogadores e comissão técnica é bem-vinda, porém, peço que também dialogue de forma franca e aberta com o presidente Julio Casares e o diretor de futebol, Belmonte. Eles precisam explicar os altos preços dos ingressos no Morumbi, justificar os resultados do departamento médico, além de prestar contas transparentes sobre as finanças do clube.

A situação do São Paulo exige uma postura firme e responsável por parte da diretoria. É imprescindível que esses dirigentes parem de se dedicar excessivamente à política interna do clube e foquem no que realmente importa: o sucesso esportivo, a saúde financeira e a valorização do patrimônio tricolor.

Reconhecer suas limitações e buscar profissionais qualificados no mercado para modernizar o futebol do São Paulo é uma necessidade. Não podemos mais insistir em nomes como Milton Cruz ou Muricy Ramalho, que, embora tenham história, já não representam a inovação e a estratégia necessárias neste momento.

Além disso, é fundamental atuar junto às principais estrelas do elenco. Buscar comprometimento, entender as dores de Lucas, acompanhar o desempenho de Oscar, ouvir Luciano e apoiar Ryan são passos essenciais para a recuperação e o bom desempenho do time. É preciso resolver de uma vez as pendências com Alan Franco e garantir a permanência de Crespo no comando técnico, sem expô-lo às dificuldades gerenciais ou transferir para ele as falhas da gestão.

A questão financeira também merece atenção: Lucas deve ter o tempo necessário para se recuperar, mas a diretoria precisa negociar os valores recebidos pelo jogador, além de ajustar as negociações envolvendo Luiz Gustavo e outros atletas. Transparência é fundamental para manter a credibilidade perante a torcida.

Baby, sua coragem de falar, se expor e colocar a cara a tapa nas redes sociais é um exemplo de liderança. Aproveite essa força para dialogar com Julio Casares, reforçando a importância de uma gestão mais transparente, que valorize a saúde dos atletas, defenda o clube nas federações e arbitragens e, sobretudo, que faça menos política e mais gestão responsável.

Neste momento, mais do que nunca, a TTI e a família tricolor são a nossa esperança para o São Paulo neste ano. Por isso, peço que você, Baby, ajude a enquadrar a diretoria, cobrando ações concretas e responsáveis daqueles que, assim como outras gestões, nos deixaram nesta situação delicada.

Contamos com seu protagonismo e sua paixão para fortalecer ainda mais o nosso amado São Paulo.

Saudações tricolores,

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Carta Aberta ao Presidente Julio Casares

Senhor Presidente Julio Casares,

Sua gestão é, sem dúvidas, muito superior à do seu antecessor. Ainda que com algum atraso, o senhor vem enfrentando a delicada situação financeira do São Paulo Futebol Clube. A valorização da marca, o fortalecimento das ações de marketing, a modernização dos centros de treinamento em Cotia e na Barra Funda, além da melhor exploração do Estádio do Morumbi, são avanços inegáveis da sua administração.

Sob sua liderança, o clube encerrou uma incômoda fila de títulos com a conquista do Campeonato Paulista de 2021 e, mais recentemente, levantou a inédita taça da Copa do Brasil — feitos que merecem reconhecimento.

No entanto, é preciso reconhecer também que a trajetória de recuperação financeira iniciada no seu primeiro mandato parece ter perdido força após o episódio envolvendo os áudios de Muricy Ramalho e Rogério Ceni. O planejamento, que até então parecia pautado pela responsabilidade e continuidade, passou a dar sinais de fragilidade.

O trabalho de Hernán Crespo, que tirou o clube da fila de títulos, foi interrompido logo após Rogério Ceni se tornar disponível no mercado. Posteriormente, Dorival Júnior — amigo pessoal de Muricy — assumiu o time, conquistou a Copa do Brasil, mas também possibilitou o retorno de Milton Cruz à rotina do futebol tricolor. Em seguida, tivemos as passagens de Thiago Carpini, indicado por Muricy, e de Zubeldía, cuja contratação pareceu carecer de convicção por parte da diretoria. Agora, voltamos a contar com Crespo.

Presidente, é inevitável constatar que o departamento de futebol tem sido volúvel e instável em suas decisões. Fica a dúvida: se Dorival Júnior deixar o Corinthians, será novamente cogitado, mesmo com Crespo em início de trabalho?

Além disso, há um problema recorrente de comunicação institucional. É preciso que os responsáveis pelo futebol apareçam, deem entrevistas, expliquem as decisões estratégicas, atualizem o torcedor sobre lesões, prazos de retorno, negociações e logística. Hoje, a impressão é que essas responsabilidades são delegadas exclusivamente ao técnico de turno, enquanto os diretores se mantêm protegidos de cobranças em momentos de crise.

Presidente, o senhor pode ser lembrado como o dirigente que iniciou a recuperação financeira do São Paulo, implementou o FIDC, firmou parcerias importantes para Cotia e recolocou o clube em um novo patamar de gestão. Mas também corre o risco de ser marcado como o presidente de decisões frágeis, da manutenção de uma diretoria omissa, e de um futebol refém de alianças pessoais.

Sabemos que a missão de reequilibrar financeiramente o clube é difícil. No entanto, o sucesso esportivo é condição indispensável para isso. Disputar a Libertadores, alcançar boas campanhas no Brasileirão e valorizar atletas da base só é possível com um time competitivo, e esse time precisa de um bom treinador — com respaldo e estabilidade — e de uma diretoria competente, moderna e transparente.

Presidente, ainda é tempo de fortalecer seu legado. Mantenha Hernán Crespo com autonomia e respaldo, preserve o trabalho técnico de Rui Costa, e oxigene de fato o departamento de futebol. A aposentadoria de Milton Cruz e Muricy Ramalho, bem como a substituição de Carlos Belmonte, seriam sinais claros de profissionalismo. Amizades e acordos políticos não podem estar acima do bem do clube. O risco de um tiro sair pela culatra é real.

O São Paulo merece uma gestão à altura da sua grandeza. E o senhor ainda pode ser lembrado como o presidente que modernizou e profissionalizou, de fato, o futebol tricolor.

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