Gazeta Esportiva.com
·14 December 2024
In partnership with
Yahoo sportsGazeta Esportiva.com
·14 December 2024
Nesta sexta-feira, o meia Gustavo Campanharo, de saída do Atlético-GO, publicou uma carta aberta em suas redes sociais na qual revela os problemas que teve em sua passagem pelo clube goiano. Emprestado pelo Internacional desde março, o atleta disputou apenas três partidas pela equipe rebaixada para a Série B do Campeonato Brasileiro.
As principais reclamações de Campanharo são devido ao tratamento que o jogador teve com uma lesão em seu joelho. Desde sua chegada ao Atlético-GO, em março, o meia demorou quatro meses até estrear pelo clube, em julho, contra o Fortaleza. Segundo o atleta, os profissionais do clube ignoravam suas dores. Incomodado com a situação, Campanharo revelou que buscou um médico particular, o qual o recomendou uma cirurgia no joelho. Ainda segundo o jogador, ele assumiu metade dos custos para realizar o procedimento.
“Aqui me senti humilhado, desvalorizado, descartado, impotente, e como se eu tivesse trabalhando para mostrar meu potencial mas ninguém iria valorizar isso, nada iria mudar, já estava decidido. Eu cheguei, fiz toda preparação física, e ao final dessa preparação senti uma lesão. Já começou por aí, as minhas dores e aflições eram praticamente ignoradas, me mandavam pra campo sem nenhuma condição de fazer aquilo que eu sempre amei fazer”, afirmou o jogador.
“Uma opção (que meu médico particular também indicou) era uma artroscopia, que em menos de 2 meses eu estaria de volta. Fui colocado contra a parede no clube, me colocaram medo, diziam que poderia continuar da mesma forma, que eu teria um grande risco, e pra completar, falaram que se eu realmente quisesse fazer isso, teria que assinar um termo, assumindo toda a responsabilidade. […] Assumi metade dos custos do procedimento, pro clube não sair totalmente lesado. Ocorreu tudo bem na cirurgia e também na minha reabilitação, como o esperado (por mim e pelo meu médico particular)”, continuou o atleta na publicação.
Mesmo recuperado, Campanharo teve menos de 30 minutos com a camisa do Atlético-GO na temporada. O meia de 32 anos afirmou que passou a ser ignorado por funcionários do clube e pediu mais humanidade no tratamento com os jogadores.
“Comecei a ser ignorado no clube, não pelos atletas, mas por algumas pessoas que trabalhavam lá, perguntava horários de treinamento, ingresso para jogo e ninguém respondia. A cada dia que passava a angústia para que tudo isso acabasse só aumentava. E acabou!”, afirmou o atleta.
Com o fim de seu empréstimo para o Atlético-GO, Campanharo retorna ao Internacional em busca de espaço no clube gaúcho.
Confira a carta aberta de Campanharo na íntegra:
“Carta aberta: Eu poderia começar escrevendo esse texto de tantas formas, tipo como todos os clubes que passei, sendo grato pela oportunidade e tudo mais. Mas não, aqui foi diferente, aqui eu passei coisas que jamais havia passado em 15 anos de carreira. Aqui me senti humilhado, desvalorizado, descartado, impotente, e como se eu tivesse trabalhando para mostrar meu potencial mas ninguém iria valorizar isso, nada iria mudar, já estava decidido. Eu cheguei, fiz toda preparação física, e ao final dessa preparação senti uma lesão. Já começou por ai, as minhas dores e aflições eram praticamente ignoradas, me mandavam pra campo sem nenhuma condição de fazer aquilo que eu sempre amei fazer. Eu fui para o caminho de casa chorando por pelo menos uma semana, porque ninguém me dava soluções. Até que cheguei ao meu limite, não conseguia mais lutar contra aquilo, estava me fazendo mal. Nos reunimos, eu implorava por uma resolução, algo que me consumia a cada dia que passava, e uma opção (que meu médico particular também indicou) era uma artroscopia, que em menos de 2 meses eu estaria de volta. Fui colocado contra a parede no clube, me colocaram medo, diziam que poderia continuar da mesma forma, que eu teria um grande risco, e pra completar, falaram que se eu realmente quisesse fazer isso, teria que assinar um termo, assumindo toda a responsabilidade. Logicamente que com toda essa pressão psicológica, a insegurança e o medo bateram, mas juntamente com meu médico particular decidimos por fazer. Nesse período, o fisioterapeuta foi mandado embora, diziam que ele colocava coisas na minha cabeça, (provando que nao acreditavam nas minhas dores, ou mais uma vez ignoravam o fato de eu não conseguir treinar). Assumi metade dos custos do procedimento, pro clube não sair totalmente lesado. Ocorreu tudo bem na cirurgia e também na minha reabilitação, como o esperado (por mim e pelo meu médico particular). A todo momento o presidente dizia contar comigo, para que eu voltasse logo para ajudar, que ele precisava de mim, e a todo momento eu trabalhava incansavelmente para voltar o mais breve possível. A partir daí a decisão foi que eu treinasse dia sim e dia não, e sábados e domingos livres. Como falei no início do texto, eu fui humilhado, desvalorizado, injustiçado, e além disso tudo citado, tiveram outras situações, mas que prefiro não citar. Acredito que momentos bons e ruins todos nós temos, e no futebol é simples, nos momentos ruins, trabalhamos e damos a volta por cima. Porém aqui eles não permitem que isso aconteça. Comecei a ser ignorado no clube, não pelos atletas, mas por algumas pessoas que trabalhavam lá, perguntava horários de treinamento, ingresso para jogo e ninguém respondia. A cada dia que passava a angústia para que tudo isso acabasse só aumentava. E acabou! Essa carta é pra todos aqueles que me perguntavam durante o ano, o que estava acontecendo, ou para aquelas que me acompanhavam mas não sabiam o que se passava, e claro, um desabafo, pra também tentar dar voz aos que estão no clube e aos que passarão por lá, porque de alguma forma vão tentar calar vocês, com alguma pressão psicológica. É preciso entender, que além de atletas, somos seres humanos, e ali, esse lado, é praticamente jogado no lixo. Tudo aquilo que sonhava e planejava não se concretizou para esse ano, mas meu caráter, minha vontade de fazer dar certo, e meus objetivos pessoais continuam vivos, porque tudo que passei aqui não me define. Agora, sigo em busca de novos rumos, na certeza que sempre dei o meu melhor, e busquei ter a melhor versão de mim, como sempre. Parece clichê, mas quem me conhece sabe que eu não escreveria isso por tão pouco. Mas o mundo da bola gira, e certas coisas servem de aprendizado. E como serviu! Vamos pra próxima… Um abraço a todos, Campanharo.”