Clube Atlético Mineiro
·15 August 2025
Atlético x Godoy Cruz: coletiva de imprensa com Cuca

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·15 August 2025
Pergunta: Queria que você falasse sobre essa vitória de virada, e, novamente, dois tempos bem distintos do Atlético. O primeiro tempo do Galo, time ficou devendo. Com algumas mudanças, vimos que o time cresceu de produção. Você viu assim também?
Cuca: “Eu acho que nós demoramos a entender o jogo, o adversário, e a entender a arbitragem. Times argentinos, não todos, mas alguns, é o estilo de jogo deles, não são maldosos, são leais, mas eles vão com tudo que tem em cada dividida. Demoramos a entender isso. No primeiro tempo, eles foram mais competitivos que nós, ganhando divididas, amarraram o jogo. E, para piorar, saíram na frente. Quando você consegue o empate assim, já é difícil jogar, com o resultado adverso, fica muito mais”.
“Acredito que estávamos sem criação no primeiro tempo. Colocamos algumas peças para fazer essa criação. Acho que fomos felizes, criamos mais, encurralamos mais o adversário atrás, fizemos o gol de empate, com mexidas todas que eram cabíveis, e mais ousadas possível. Tiramos um lateral para colocar o ponta-esquerda, um zagueiro por um meia-armador. Você expôs o time, mas mostra ao jogador que você quer ganhar, passa o espírito para a arquibancada, o que foi fundamental.
“Fizemos essa virada que nos dá uma pequena vantagem para o jogo de volta. Em comparação ao que estava o jogo, é uma vantagem, e estávamos em desvantagem. É um jogo desgastante demais, os jogadores saem cansados, alguns com pequenas lesões. Vamos avaliá-los da melhor forma para a sequência. Concordo que o time apresenta sinal de cansaço, é natural, estamos decidindo tem um mês, 10 jogos, todo jogo é decisão. E a gente tem que se adaptar a isso o quanto antes, sem perder jogador lesionado”.
Pergunta: O Atlético, em alguns momentos, fez eliminatória contra o Flamengo jogando de uma forma reativa, sem a posse de bola. Quando o Atlético, em alguns momentos, joga tendo que impor o jeito de jogar, demonstra dificuldades. O que falta para ajustar isso?
Cuca: “A gente propôs hoje, estamos jogando contra adversários dificílimos, as linhas justas, bem atrás, times fisicamente muito fortes. Usamos todas as peças que tínhamos, ou quase todas. E propusemos o jogo. Contra o Flamengo, aqui, no segundo tempo, também foi proposto o jogo. Cada jogo é uma estratégia. Temos que entender que o Godoy Cruz é uma equipe que faz gols, mas toma menos ainda, equipe que marca muito forte, não tinha perdido ainda na Copa Sul-Americana. São fatores que enaltecem a nossa vitória, por mais difícil que ela possa ter sido”.
Pergunta: Queria que você falasse sobre a entrada do Reinier, que achou uma assistência maravilhosa ao Hulk. E a segunda, em relação à arbitragem, pessoal saiu revoltado. Colocar um árbitro venezuelano, onde o futebol não é a maior força, para um jogo entre Brasil e Argentina, não é algo complicado?
Cuca: “O que acontece: os jogadores também não favorecerem a arbitragem no jogo. Ele reclamou disso no final. Eu concordo. Mas ele foi conivente com a amarração do jogo. Não acho que por ele ser venezuelano… Lá tem bons árbitros, mas hoje não esteve em um grande dia. Ele já apitou outros jogos nossos, lá em Bucaramanga, deixou o jogo correr. Hoje, não. Ele não teve pulso no campo, de comandar a partida. Ele foi quase que comandado durante o jogo todo. E o jogador sente isso no campo”.
“Em relação ao Reinier, quando a gente está jogando assim como estamos jogando, domingo-quarta, você não faz coletivo, e sim campo reduzido para quem não joga. Ele não fez nenhum coletivo, quatro meses que não jogava uma partida, só fez campo reduzido. Lançamos ele no jogo com a expectativa de colaboração. Colaborou, entrou forte no jogo aéreo, na parte defensiva, quando não tínhamos zagueiro. Armou algumas bolas, deu o passe de peito para o Hulk fazer o gol. Isso é bom, ganhamos alternativas e ele vai ganhando confiança”.
Pergunta: Queria fazer duas perguntas em uma: o Alexsander não começou jogando é uma opção tática ou física? Especificamente o Rony, ele até produziu antes da parada do Mundial, depois aconteceu o que ele aconteceu. Para além dele pressionar a marcação, o que mais justifica a titularidade do Rony?
Cuca: “O Alexsander é um processo gradativo. Jogador que chegou recente, que está merecendo o espaço que ele está conquistando. Jogador que tivemos que tirar do último treino por um desgaste físico que ele estava apresentado. Precisamos tomar cuidado. Jogador pronto para ser lançado na titularidade, dentro da gestão de grupo, coerência, e conquista de espaço de forma gradativa, como ele está fazendo”.
“Sobre o Rony, você falou todas as características do Rony, que ele é rompedor, que marca muito forte, é dinâmico, às vezes tem uma ou outra partida que não dá tão certo, mas ele é importante. Tem dias que não vai fazer grande jogo, assim é e é assim que vamos ter a confiança do jogador. Hoje, o Cuello não estava fazendo grande jogo na ponta esquerda, estava fazendo o que o lateral queria. Quando ele veio para a lateral direita, foi uma válvula de escape nossa, então, encontramos um local melhor para ele no jogo. É o que a gente tenta fazer com o Rony também”.
Pergunta: Em um recorte recente dos jogos do Galo, temos reparado que e escalação do time ideal tem sido feita de forma sistemática. E as substituições estão acontecendo de forma recorrente. Eu consegui acertar as cinco substituições…
Cuca: “Conseguiu acertar todas? Vem trabalhar comigo amanhã, como auxiliar…”
Pergunta: Se a gente parar para pensar nos jogadores que estão entrando, existe a possibilidade na sua cabeça de algum deles ser titular?
Cuca: “Mas você não consegue ter um time titular, não dá. O desgaste é tão grande de um jogo para outro, você precisa ter 16, 17 jogadores titulares, e ir usando eles conforme as necessidades, para não estourar todo mundo. Então, às vezes o jogador está cansado. Como diz o Mourinho, jogador tem que jogar fresco. E, às vezes, não dá para ter o jogador com condição ideal de jogo. Temos que entender, e no outro dia, vai ter o rendimento melhor. Estando fisicamente bem, terá mais força do que ele cansado. E cabe a nós entender cada jogo, cada história, escolher as melhores peças, as mais descansadas, oportunizando a todo mundo jogar. Não tem outro remédio”.
“Daqui 72 horas teremos o Grêmio, depois decidir lá com o Godoy, no campo menor que eles tem, que eu esqueci o nome (Feliciano Gambarte). Aí é o São Paulo no outro domingo e você vem para o primeiro mata-mata com o Cruzeiro. Então, são todos jogos difíceis, decisões, e a gente está decidindo desde o Mineiro, quando voltamos dos Estados Unidos, não podia perder. É decidindo, decidindo… O emocional, chega uma hora, que pesa. E a gente está passando de fase, às vezes não se joga o melhor futebol, os motivos são diversos. O importante é que estamos passando de fase, evoluindo com time, e a gente tem feito a gestão de grupo da melhor forma”.
Pergunta: Queria que você falasse sobre a estratégia pensada ao colocar o Igor Gomes na vaga do Scarpa para o segundo tempo. A diferença dos dois atletas…
Cuca: “Quando você está num jogo desse perfil, e você tem um volante, que é o Alan Franco, e dois apoiadores – Scarpa e Menino -, você tem uma trinca de atacantes – Hulk na direita, Rony e Cuello. Esses dois meias precisam apoiar, servir o ataque, entrar na área nos cruzamentos. E estávamos baixando muito com os dois. Se eles baixam muito, vão servir quem? Foi essa a leitura que eu tive. Por isso entraram esses dois jogadores para fazer esse trabalho, e fizeram. Ocupamos melhor os espaços no campo. O Biel também teve a sua contribuição no gol (do Hulk), na arrancada, no cruzamento. Um jogo difícil, de muita marcação”.
“E teve a ida do Cuello para a lateral direita, porque ele fez essa função comigo no Athletico-PR em outras ocasiões. E fez bem. Teve um tempo atrás que eu coloquei o Cuello assim, e muita gente disse que o time bagunçou. Hoje, correu o risco de bagunçar de novo e deu certo. Ele fez o gol, jogadas importantes por ali, e nos ajudou a vencer”.
Pergunta: O Galo é um dos poucos times do Brasil vivo nas três competições. É um mérito, mas gera um ônus prático. Você bateu na tecla da parte física. Hoje, é uma vantagem mínima, mas seria suficiente para o Atlético poupar jogadores no jogo de volta?
Cuca: “Nós, Fluminense e Botafogo estamos nas três competições. Veja quem ganhou fácil hoje. É 1 a 0 com a LDU, 2 a 1 (Fluminense contra o América de Cali). É pau a pau os jogos. É um país contra outro, não um time contra o outro, envolve muita coisa. O Godoy Cruz não teve rodada no fim de semana para poder chegar descansado aqui. Eles têm essa condição, sabe-se lá porquê, e nós não. A gente tem que remar no Brasileiro para não acontecer o que aconteceu no ano passado. É uma responsabilidade muito grande. E a gente tem perdido poucos jogadores por lesão muscular, que é o que nos preocupa. O Lyanco sentiu a perna pesada e a gente o tirou, para não correr o risco de perdê-lo por mais tempo. Fazemos as precauções necessárias para ter o elenco todo na mão”.
Pergunta: Após o Mundial de Clubes, você disse, em alguns tropeços, iria reencontrar um caminho tático para a equipe. A espinha dorsal da sua equipe tem sido Franco, Scarpa e mais um na trinca de meias, pode ser o Menino, o Vera. Acho que o melhor momento tático recente foi na linha de três (na zaga). Em outros jogos, foi quando você fechou com três volantes, uma coisa que é sua tradição – o perde/pressiona, para recuperar a bola no campo de defesa do adversário. Com esses quatro jogadores que entram na frente, eu tenho sentido a equipe menos combativa. Você percebe isso também?
Cuca: “Então… Eu tenho muitos anos de estrada. Muitas vezes você encontra a equipe ‘sem querer’, num jogo que tem uma necessidade especial, você coloca um jogador aqui ou ali, dá a liga, e segue assim. Quantos times do Brasil estão jogando assim porque deu liga? Não precisa ir longe para ver, e aí você encontra a equipe titular. Eu não tenho vergonha de dizer que ainda não encontrei a equipe titular. Por isso tenho mexido no esquema tático várias vezes. A cada jogo, uma história. Daqui a pouco encontra um grande jogo, aquela partida que enche os olhos de todo mundo, e aí você vai dar sequência. Depende deles (jogadores).
Pergunta: A virada foi muito importante. Queria saber como você e o grupo vai decidir a atenção entre o jogo de volta e a partida de ida contra o Cruzeiro?
Cuca: “Junto disso tudo aí está o Grêmio e o São Paulo. Então, amanhã, a gente se reúne com os jogadores, junto com a fisiologia, preparação física, e entender o processo para escalar uma equipe forte contra o Grêmio, que não jogou nessa semana, e está pressionado por um bom resultado. Vamos achar um bom time, e contando com o apoio do torcedor, porque sem ele, as coisas ficam mais difíceis. Mas não saberia te dizer da equipe que vai jogar domingo. Vamos analisar e discutir bem, inclusive com os próprios jogadores, para escolher o melhor caminho”.
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