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·14 March 2025
Athletico 3 x1 Guarany-RS: Luiz Fernando marca três e sela classificação

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·14 March 2025
Noites de Copa tão tranquilas são raridade, ainda mais quando se fala de Athletico. O nível do Guarany não era alto e a vitória por 3 a 1, com três gols de Luiz Fernando conta bem essa história. Mesmo pressionado no início do jogo, o Furacão encontrou o caminho do gol na individualidade de Zapelli e outros dois, com a eficiência de Luiz.
Garantido na terceira fase o rubro-negro ocupa pote um do sorteio e aguarda adversários de ranking menor, em embate que acontecerá em meio às primeiras rodadas da Série B.
A reportagem analisa os principais pontos de discussão da Ligga Arena.
Talvez a reformulação nas pontas do ataque tenha sido a maior, entre as muitas que viveu o Athletico de 2024 para 2025. A palavra que definia Cuello e Canobbio, titulares da equipe desde 2022, era construção. Armadores de jogada, com tendência a utilizar a linha de fundo para encontrar um cruzamento, pouca atuação por dentro, pouca finalização.
Pontas no sentido primordial da posição, do início do último século. Normalmente colados nas laterais, com velocidade para bater a marcação sem o drible tão aguçado. A mudança foi drástica. Luiz Fernando é tão rápido quanto e tem a finalização em seu jogo, diferencial do ponta moderno. Três gols marcados por um ponta não aconteciam desde 2022, quando Rômulo, utilizado como ponta pelo Athletico, mas centroavante na ocasião, cravou três no Cianorte.
Velasco, do outro lado, não finaliza tanto quanto, mas tem o drible muito desenvolvido e a desenvoltura para a apoiar a criação por faixas mais centrais do campo. Ainda tem Leozinho, driblador nato e Isaac, da mesma descrição, mas mais atlético.
Talvez as opções atuais não se provem melhores do que as anteriores no decorrer do ano, ou em um contexto mais competitivo. Mas seguem o que o torcedor atleticano imagina de um ponta, mais do que as anteriores. Só nisso, ganham tranquilidade para trabalhar. Insinuantes, rápidos e, no caso de Luiz Fernando, finalizadores.
Julimar ainda trata lesão no joelho e tem volta esperada para agosto.
Luiz Fernando e Kevin Velasco comemoram. Foto: Ernani Ogata
A primeira chance do jogo foi do Guarany, com menos de um minuto em uma bola que raspou a trave esquerda de Mycael. Até os 13 minutos o time gaúcho pressionava bem e mantinha o Athletico nas rédeas com sua imposição física. Bastou um cruzamento de manual de Bruno Zapelli para o cenário virar completamente. Luiz Fernando colocou na rede, Babi perdeu na pequena área e o próprio meia argentino perdeu chance da entrada da área nos cinco minutos seguintes.
Luiz Fernando marcou seu quarto gol nos últimos três jogos (termina o jogo com seis tentos nesse período do Athletico em jogada que é resultado dos novos escanteios curtos do Furacão de Barbieri. Velasco, pela direita, participava muito de um momento que trouxe junto a animação das arquibancadas.
Na individualidade o Athletico abriu o placar e tranquilizou completamente jogo que tinha tudo para ser tranquilo, mas começou complicado.
Individualidade foi a terceira assistência de Zapelli em 2025, décima quarta nos dois últimos anos.
Pela esquerda do meio campo, o “Mago” rege o time. Se entende bem na conexão com os pontas, participa ativamente na construção para a entrada no último terço e gera chances até na marcação pressão, característica que “ganhou” nessa temporada com Maurício Barbieri. É, por muito, o jogador que mais cria no elenco (2.6 passes para finalização por jogo).
O desafio, além de participar mais ainda da armação, é fazê-lo em cenários mais complicados. Contra o Ypiranga, adversário gaúcho da última edição da competição, argentino fez chover, por exemplo. Mas nível despencou no restante da temporada, assim como o de todo o elenco do Athletico.
Contra adversários de menor poder, faz 2025 de destaque. Em que pese, não dá para cobrar que mostre mais em outro cenário no ano, pois ainda não teve nem a chance. Uma vez recuperado e em ritmo de jogo, Zapelli mostra teto alto nesse Furacão.
Zapelli contribui na pressão ofensiva. Foto: Ernani Ogata
Barbieri, em coletiva recente, destacou que o poder de pressionar os adversários se perdeu no Athletico, junto da falta de tempo para treinar. Um dos pilares do trabalho do treinador desapareceu e deu lugar a um bloco baixo excessivo, que arrumou a defesa e iniciou sequência de jogos sem sofrer gols, mas que com certeza incomodava o professor.
Contra o Azuriz (3 a 0) no último domingo (9), traço reapareceu. Consequência de 11 dias para trabalhar. Nas bolas roubadas o Athletico criou uma enormidade no segundo tempo e garantiu classificação à final estadual.
A partir do primeiro gol as roubadas de bola passaram a surtir cada vez mais efeito contra um Guarany que pouco conseguia, ou queria, manter a bola no chão. Pressão alta gerou chance claríssima de Bruno Zapelli, que parou no goleiro Jonathan.
Formado no Flamengo, Barbieri passou três anos no comando do Bragantino e desenvolveu jogo forte de pressão. Com uma unidade de estilo (dentro do possível), os clubes Red Bull apostam na pressão como ponto primordial de seu jogo e, não por coincidência, o Bragantino de caixinha liderou a estatística de PPDA (passes per defensive action, passes por ação defensiva) no Brasileirão 2023.
Não é uma comparação, longe disso. Mas Barbieri usa a “eletricidade” para definir seu time ideal, palavra também usada pelo alemão Jurger Klopp, técnico que difundiu no futebol mundial o movimento da pressão pós-perda de posse. É um salto, mas tem seu sentido.
A questão é como manter o estilo com outras opções para a referência do ataque. Alan Kardec é inteligente para se movimentar, mas é pouco móvel. Mastriani mostra dificuldade no quesito e Matheus Babi, apesar de ter mais condição de incomodar a saída adversária, pouco contribui com bola. Renan Peixoto vai se tornar solução? Apostaria mais na improvisação de Luiz Fernando, móvel, explosivo e inteligente.
Maurício Barbieri aposta em jogo de pressão. Foto: Ernani Ogata
Qualificado em todos os momentos do jogo, Zapelli precisa de um treinador que o ensine a finalizar as jogadas. Acho que ouvi isso em algum lugar. Em 29 de agosto de 2023, Wesley Carvalho, treinador interino do Athletico, garantiu que faria com que o argentino passasse a ter mais eficiência nas batidas. Com o treinador, Zapelli teve média de mais de dois chutes por jogo (como nunca antes na carreira), mas marcou apenas dois gols.
No último ano, apenas cinco bolas na rede. Nenhuma no Brasileirão, apesar dos 3.68 gols esperados e das cinco grandes chances perdidas. Caiu de mais de duas batidas por jogo, para 0.8. Nenhum dos cinco treinadores assumiu a tentativa de evolução individual.
Barbieri, neste ano, garantiu em mais de uma oportunidade que o gol de Zapelli sairá logo. Não será por falta de finalizações. Argentino voltou à casa das duas por jogo (1.9 no Paranaense) e é o terceiro jogador do Athletico que mais tenta, atrás apenas de João Cruz e Luiz Fernando. O fato de Cruz estar à frente é significativo, mostra que é orientação para a posição.
A rede não balançou na noite desta quinta-feira (13) para o meia. Como não balança desde 11 de setembro, quando marcou contra o Vasco, pela mesma Copa do Brasil.
Zapelli comemora último gol pelo Athletico. Foto: Athletico
Centroavante foi vaiado ao deixar o campo na goleada contra o Azuriz e ao entrar em campo para enfrentar o Guarany. Colocado por Barbieri como opção à característica de Alan Kardec em última entrevista coletiva – treinador que, inclusive, não cita Mastriani neste momento da resposta – Matheus Babi venceu a concorrência do uruguaio e do estreante Renan Peixoto.
A justificativa é de que o time precisa trabalhar de maneira diferente para municiar Mastriani. Mas se o debate não é apenas sobre característica, uma vez que Barbieri cita Peixoto como até mais próximo do então titular Kardec, porque Babi joga?
O alinhamento da péssima fase de Mastriani aliado à inexperiência de Peixoto com a rubro negra explica, apesar da fase de Babi nem se aproximar de algo positivo antes da bola rolar.
E se manteve assim. Pouco participou no pivô, perdeu gol dentro da pequena área, apesar da dificuldade da jogada pela força do cruzamento e irritou o torcedor presente quando não conseguiu cabecear bola em movimentação um contra um.
Enquanto Alan Kardec não retorna de lesão no joelho sofrida há mais de um mês, Mastriani não entrega o esperado e Peixoto não pode jogar no estadual, Babi seguirá tendo chances. Cenário não é bom para o Athletico, nem para o camisa nove.
Luiz Fernando, opção para a centroavância, comemora segundo gol no jogo. Foto: Ernani Ogata
Dá para responder “nada” e economizar caracteres. Mas a reflexão precisa ser mais profunda. O objetivo da temporada é o acesso à primeira, de fato, mas isso não significa o clube precisa abandonar a segunda maior competição brasileira, e que pode gerar ganho financeiro e mental. As premiações milionárias fazem com que o olhar da gestão do Athletico mude, e o avanço no mata mata causa injeção de ânimo que não aparece nas competições de pontos corridos.
É justo colocar, também, que pode ser a oportunidade do Athletico se reconectar com a imagem “copeira” que desenvolveu em grande fase recente com os títulos de Copa Sul-americana e da própria Copa do Brasil.
Então não é que não tem importância alguma. Mas não pode ser colocada como prioridade do clube. Entre titulares para encarar o Avaí na Ressacada, ou para a disputa de possível oitavas de final, a Série B deve ser a escolha.
O Furacão compõe pote um e aguarda sorteio para definição de adversário na terceira fase. Comandados de Maurício Barbieri podem enfrentar Ceará, CRB, Brusque, Paysandu, Náutico, Aparecidense, Maringá-PR, Novorizontino, Criciúma, Botafogo-PB, Operário-PR, Retrô-PE, Capital-DF, Maracanã-CE, Vila Nova-GO ou Rio Branco-VN-ES; CSA ou Tuna Luso-PA,
Em entrevista coletiva, treinador explicou a situação da disputa na referência do ataque. Por mais que reconheça que Matheus Babi esteve apagado, salienta que fez um papel que nem sempre é apreciado pelo torcedor:
“Acho que o Babi brigou bastante, lutou, esteve envolvido em oportunidades. Sabemos o peso que tem para um centroavante perder chances. No primeiro gol, Luiz Fernando antecipa ele e o zagueiro, ele estava segurando o zagueiro.”
No final da partida, Barbieri teve discussão forte com Mastriani, opção do segundo tempo para a posição. Treinador explica momento como algo de jogo, comum, uma questão tática. Perguntado sobre a possibilidade de contratação de um centroavante, uma vez aberta a janela, técnico garantiu elogiou cenário:
“Temos quatro, é um numero bastante razoável. Todos são importantes, futebol é de momento, se um não esta bem, o outo tem que estar. Contamos com todos eles e todos tem a minha confiança.“
A vitória garante o Athletico na terceira fase da Copa do Brasil. Comandados de Maurício Barbieri voltam a campo contra o Maringá, neste domingo (16) às 17h, pela primeira perna das semifinais do Campeonato Paranaense.
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