
Central do Timão
·25. August 2025
Saiba quem são e o que pensam os candidatos a vice-presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians

In partnership with
Yahoo sportsCentral do Timão
·25. August 2025
O Corinthians viverá mais um dia decisivo para sua política interna nesta segunda-feira, 25. A partir das 19h (horário de Brasília), os 299 membros do Conselho Deliberativo (CD) do clube se reúnem no Parque São Jorge para eleger um novo presidente da diretoria executiva e um novo vice-presidente para o próprio CD. Em cada um dos pleitos, três candidaturas foram registradas durante a última semana.
A eleição para presidente ocorrerá devido à cassação do mandato de Augusto Melo por irregularidades no caso VaideBet – seu impeachment foi confirmado pelos sócios do Corinthians em assembleia no último dia 9. Já a eleição para vice do CD ocorrerá em razão da renúncia de Roberson de Medeiros (o “Dunga”) do cargo, confirmada também no início deste mês.
Leonardo Pantaleão, Peterson Ruan e Rodrigo Bittar (Fotos: Reprodução/Instagram)
Embora menos visada que o comando do Alvinegro, a vice-presidência do CD é considerada estratégica politicamente, por também conferir ao seu ocupante a presidência da Comissão de Ética e Disciplina (CED). Pensando nisso, a Central do Timão procurou os três candidatos para conhecê-los melhor e ouvir sobre suas propostas e ideias para as funções, caso sejam eleitos.
Uma mesma lista com 12 perguntas foi enviada a cada um dos postulantes ao cargo. Os candidatos Rodrigo Bittar, da Chapa 82 (Corinthians Grande), e Peterson Ruan, da Chapa 77 (São Jorge), atenderam ao pedido de entrevista. Por sua vez, o candidato Leonardo Pantaleão, da Chapa 55 (Paixão Corinthiana), não atendeu ao pedido, mas caso atenda posteriormente, suas respostas serão incluídas. As considerações dos dois primeiros serão publicadas na íntegra, listadas em ordem alfabética. Confira:
1 – Fale um pouco sobre você e o que faz.
Peterson Ruan: Corinthiano apaixonado e, como diz a arquibancada “maloqueiro e sofredor”. Advogado, professor de direito constitucional e administrativo, gestor público, pesquisador de projetos e conselheiro trienal no conselho deliberativo do Corinthians.
Rodrigo Bittar: Advogado, tenho 30 anos, especialista em Direito Processual Civil pela PUC-SP, membro da Comissão de Direito Bancário da OAB-SP e assessor da Diretoria de Esportes e Eventos da CAASP (Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo).
2 – Há quanto tempo é sócio, e por quais chapas já atuou politicamente no Parque São Jorge?
Peterson Ruan: Sou sócio desde 2007. Sempre acompanhei as movimentações políticas no Parque São Jorge, mas longe de qualquer envolvimento direto, passando a atuar ativamente da vida política do clube a partir da eleição de 2018 pela chapa Resgata Corinthians. Fui eleito conselheiro trienal na eleição de novembro de 2023 pela chapa São Jorge.
Rodrigo Bittar: Sou sócio desde 2007, como dependente do meu pai (Fausto Bittar Filho). Na época, a gente entrou no clube no movimento de um grupo de advogados, do qual meu pai militava, para derrubar o Dualib. A partir daí, passei a frequentar o Parque São Jorge. Me tornei sócio individual aos 18 anos, pedi de presente de aniversário para o meu pai. A minha participação política se iniciou com o meu ingresso no Movimento Corinthians Grande, um movimento fundado por diversas pessoas, dentre elas o meu pai, que nasceu em 2017. É a única chapa pela qual eu atuei.
3 – Fale um pouco sobre sua atuação como conselheiro no atual mandato.
Peterson Ruan: Nesses primeiros 20 meses do meu primeiro mandato no Conselho Deliberativo, posso me considerar propositivo, ético e pautado nos interesses do Corinthians. O aprimoramento de qualquer gestão requer boas propostas e bons executores, por isso, me coloco à disposição dos meus pares para representá-los de forma digna e transparente, tendo já colocado inúmeras sugestões que são de conhecimento de todos, como exemplo: respeitando os princípios da publicidade e transparência tenho defendido que a transmissão das assembleias do Conselho Deliberativo seja “online” pela TV Corinthians.
Rodrigo Bittar: Eu estou conselheiro pela chapa 82 do Movimento Corinthians Grande, e é o meu segundo mandato. Nesse segundo mandato fui eleito o mais votado para integrar a Comissão de Ética e Disciplina do Conselho Deliberativo.
4 – Como analisa a situação atual do Corinthians, no campo administrativo, político e financeiro?
Peterson Ruan: Infelizmente, o Corinthians vive um caos administrativo, político e financeiro. No âmbito da administração necessitamos de controle dos gastos, com revisão dos contratos, redução de custos e salários dos funcionários com valores praticados no mercado. Já na disputa política ainda temos que encontrar a melhor receita para acabar com os desmandos, a troca de votos por cargos e o loteamento da máquina sem visar a eficiência e resultado. Agora, quando falamos do financeiro sempre me vem uma pergunta: Essas mesmas pessoas que ficam em busca de cargos, não têm como cuidar ou pensar nas finanças do clube. Onde estavam que não impediram que a nossa dívida ultrapassasse a casa de R$ 2 bilhões? Cortar gastos e colocarmos na prática algumas reformas estruturantes que o Corinthians tanto necessita, como já sugeri, por meio de uma controladoria interna e uma superintendência de gestão de contratos, ambos geridos por equipes de profissionais. Nessa mesma linha, que todos os diretores coloquem de forma transparente seu patrimônio e assinem um termo de responsabilidade pelos atos praticados.
Rodrigo Bittar: Eu entendo que o Corinthians vive o seu pior momento administrativo, político e financeiro. Não por acaso estamos vivenciando o impeachment de um presidente e também estamos enfrentando um transferban, na iminência de sofrer mais três, por conta do absoluto descontrole das finanças do clube. Apesar da arrecadação recorde, proporcionada muito por conta da situação do mercado, o Corinthians não enfrenta o seu problema, não combate a dívida.
5 – Como analisa os órgãos internos do Corinthians, em especial o Conselho Deliberativo e a Comissão de Ética? Pensa que a atual estrutura é funcional?
Peterson Ruan: Não é a forma ideal, o modelo que temos. Como também já disse em outras oportunidades, ser conselheiro ou viver a vida política no clube não pode ser moeda de troca para interesses pessoais, o interesse do Corinthians é sublime. O Conselho Deliberativo precisa deixar as rivalidades da porta para fora, ali dentro temos que ter respeito por cada um e pelas suas funções, com eleição nominal, elegendo os primeiros 200 conselheiros mais votados, com fim das chapinhas ou chapão. Já a Comissão de Ética e Disciplina precisa ser protagonista de suas funções, com imparcialidade e respeito ao devido processo legal, sem perseguições ou extermínios de pessoas que pensem diferente ou participem de grupos opostos. Maturidade, respeito e independência.
Rodrigo Bittar: Eu entendo que os órgãos internos do clube são importantes, meios de controle e fiscalização da gestão, porém concordo com as críticas da torcida que há muito tempo eles têm faltado ao clube. É muito assustador a gente identificar um jogo político dentro do Conselho Deliberativo ou até mesmo uma tentativa de usurpação do poder, protagonizada por membros da Comissão de Ética. Tudo isso é muito assustador e só prejudica a credibilidade do clube perante o mercado, o associado, e o torcedor. Eu entendo que a atual estrutura do clube não é funcional, mas não por conta do modelo, até porque eu sou contra os modelos de SAF até então apresentados no Brasil. A prática tem se mostrado muito cruel para esses clubes. Mas sim por conta das pessoas que não têm a coragem de implementar boas práticas administrativas e de governança, mesmo com tantos exemplos e inovações legislativas que a gente poderia adaptar em uma eventual reforma do estatuto, numa verdadeira reforma institucional.
6 – Você acredita que a Comissão de Ética tem, atualmente, a autonomia necessária para analisar os casos de possíveis infrações estatutárias de associados e conselheiros?
Peterson Ruan: A Comissão de Ética e Disciplina do Corinthians precisa de alguém que coloque a bola no chão e, não permita mais que a bola fique quicando. Atualmente, posso dizer que interferências externas têm norteado suas ações, mas na minha gestão terão que respeitar os membros da comissão, até por que foram eleitos pelo voto.
Rodrigo Bittar: Eu entendo que, infelizmente, a Comissão de Ética não tem autonomia necessária para analisar os casos de infrações ético-disciplinares do clube. E eu digo infelizmente porque eu sou membro dessa atual comissão, e o que eu verifiquei durante todo esse mandato foi a tentativa de utilização da comissão para fins políticos. Eu combati isso de forma muito veemente, e é justamente por isso que eu estou agora me candidatando, para que essa minha veemência enquanto simples membro agora esteja representada na condução dos trabalhos dessa comissão. Não fosse a minha candidatura, eu acredito que a gente tenha o mesmo fim que eu observei, infelizmente, durante esse mandato. Porque a gente vê um candidato representando o grupo do presidente que foi afastado, e o outro candidato apoiado pelo presidente do Conselho Deliberativo, e também com o apoio de pessoas que participaram de antigas gestões, que levaram o clube à situação trágico financeira que vive hoje.
7 – Como analisa a atuação dos conselhos e comissões do clube durante o impeachment de Augusto Melo?
Peterson Ruan: O impeachment do ex-presidente Augusto Melo foi meramente político, como qualquer outro processo de impeachment. O trabalho do Conselho Deliberativo foi pautado exclusivamente de forma policialesca, com a formação de algumas comissões temáticas por seus opositores. Precisamos calibrar daqui para frente as finalidades dessas comissões.
Rodrigo Bittar: Apesar do que falei, na situação do impeachment exclusivamente eu entendo que tanto o Conselho de Orientação, quanto o Conselho Deliberativo, e a própria Comissão de Ética atuaram dentro da regra, dentro dos seus limites institucionais, respeitando os limites estatutários e as normas regimentais. Com relação ao impeachment especificamente, não identifico essa utilização política. Por óbvio, você pode pegar um membro ou outro de determinadas comissões com algum interesse político, isso não tem como fugir. Mas eu entendo que institucionalmente os órgãos funcionaram regularmente.
8 – Como analisa a atuação dos conselhos e comissões do clube, até o momento, nas apurações das denúncias de gastos indevidos no cartão corporativo?
Peterson Ruan: Minha atuação na função de conselheiro trienal tem se limitado ao que fico sabendo pela imprensa, até pelo sigilo que deve ser mantido na condução desses processos. Acredito que devemos agir de forma imparcial com respeito ao devido processo legal e ampla defesa aos que vierem ser citados nessas denúncias.
Rodrigo Bittar: Eu entendo que, de fato, a atuação dos conselhos e das comissões do clube não estão tendo a agilidade e seriedade necessária para apuração das denúncias de gastos indevidos no cartão corporativo, reembolso de notas, enfim, tudo aquilo que foi desvendado nos últimos tempos e amplamente noticiado pela imprensa. Não identifico a mesma celeridade, o mesmo interesse que teve na condução correta do procedimento de impeachment.
9 – Existe, na sua opinião, algo que possa ser feito para que, futuramente, tais irregularidades possam ser evitadas nas gestões do Corinthians? Os conselhos e comissões do clube conseguem prevenir esse tipo de ilícito?
Peterson Ruan: Sempre existe espaço para novas mudanças, desde que exista diálogo e vontade política daqueles que estiverem a frente na gestão. Na minha opinião, o Corinthians não precisa virar SAF. O que precisa é de uma gestão profissional, exercida por profissionais bem remunerados e que não dê espaço para conchavos e toma lá dá cá por parte de sócios e dirigentes. Cortar na carne e medidas impopulares são necessárias neste primeiro momento, com ações para acatarmos as causas e não só os efeitos.
Rodrigo Bittar: Eu entendo que existem várias formas de garantir que esse tipo de atuação seja feita de forma mais célere e séria, respeitando as normas estatutárias, sem desrespeitar o direito de defesa, o devido processo legal e o contraditório. Mas para isso, para evitar esse tipo de lícito, a gente precisaria de pessoas, de líderes dispostos a enfrentar o problema e não em fazer acordos.
10 – Qual seria sua primeira medida após assumir a vice-presidência do CD e a presidência da Ética?
Peterson Ruan: Minha primeira medida será buscar o diálogo e melhor entendido com os demais membros do Conselho Deliberativo e da Comissão de Ética e Disciplina, conhecer os procedimentos que já existem e avocar os processos para conhecimento e saneamento de eventuais irregularidades e arbitrariedades.
Rodrigo Bittar: A minha primeira medida seria instituir algumas determinações para a Comissão de Ética, que posteriormente seriam objeto de uma reforma do regimento interno. Porque durante esse mandato eu identifiquei uma verdadeira confusão na condução dessa comissão, com falta de regras, falta de periodicidade de reuniões, enfim, uma série de problemas que pela própria experiência eu pretendo reverter, eu pretendo mudar, eu pretendo apresentar uma solução.
11 – Especificamente na Ética, quais suas propostas para o órgão?
Peterson Ruan: É urgente reestabelecer a ordem na Comissão de Ética e Disciplina, com autonomia na condução e respeito ao devido processo legal. Despartidarizar e prezar pela imparcialidade nas decisões. Juntamente com as reformas do estatuto social e regimento interno, tratei da elaboração de um código de ética e disciplina do Corinthians, com normas taxativas que evite dúbia interpretação ou subjetividade na condução do processo.
Rodrigo Bittar: A primeira proposta é a periodicidade das reuniões da Comissão de Ética. Como não temos reuniões periódicas, às vezes nem mesmo o presidente sabia o que estava rolando nos casos, só quando havia o interesse de alguém deliberar. As reuniões são importantes até para que ela internamente se cobre do andamento dos casos e seja mais dinâmica, célere, na sua atuação. Penso também que essas reuniões deviam ser gravadas, redigidas em ata, não para publicidade, mas para registro caso algum representado ou envolvido questione o processo. A segunda proposta é a prestação de contas para a mesa do Conselho Deliberativo, para explicar o andamento dos casos. Para a mesa e não para o presidente pois a Ética é um órgão do Conselho. A terceira proposta é uma inovação de ordem tecnológica para digitalizar os processos, pois até hoje eles são físicos. Isso é um absurdo num clube como o Corinthians, que arrecada R$ 1 bilhão por ano. Eu tenho conversado com o Marcelo Munhoes e com pessoas do Departamento de Tecnologia sobre um meio de fazer isso garantindo o sigilo das partes, respeitando o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal. Além disso, queria deixar registrado também que eu vou cobrar que haja celeridade no andamento da reforma estatutária.
12 – Espaço aberto para outros comentários e considerações.
Peterson Ruan: O Corinthians precisa ser passado a limpo. Não é hora de poupar esse ou aquele, desde que respeitado os princípios constitucionais da razoabilidade, proporcionalidade e transparência, sem perseguição ou caça às bruxas nas ações do Conselho e Comissão. Com espírito republicano, bom diálogo e muita coragem não daremos espaço aos desmandos e arbitrariedades, seguindo os passos da eterna Democracia Corinthiana. Para finalizar, deixo aqui uma frase de Guimarães Rosa para reflexão: “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.” Vai Corinthians!
Rodrigo Bittar: Eu entendo que eu sou um candidato que não está preso à briga política. Me orgulho muito de integrar o Movimento Corinthians Grande, de ser uma alternativa viável, jovem, cabeça boa e vontade de agir. E é isso que eu tenho a oferecer para o clube: muita seriedade e vontade de mudar. Da mesma forma que eu tinha vontade de ajudar o clube quando, ainda criança, eu era o rodinho dos jogos de futsal do sub-20 e do principal, quando o Corinthians sequer jogava a Liga Nacional. É com essa mesma vontade de conseguir ajudar, com a minha vocação de advogado da área jurídica, trazendo inovações, trazendo novas regras e vontade de fazer as coisas andar.
Veja mais: