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·21. Dezember 2024
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Na última sexta-feira (20), o título da Copa Mercosul, em 1999, completou 25 anos. Após vencer a ida por 4 a 3, o Mengão se superou na volta para arrancar um empate por 3 a 3 e ficar com o título continental. Rodrigo Mendes foi importante anotando o segundo gol do confronto, e Lê fechou o placar marcando o gol do título. O MundoBola Flamengo conversou, em exclusividade, com ambas as personalidades para recordar aquele título.
Lê brinca sobre a idade atual, e diz que com 20 anos, pôde protagonizar um grande momento na história do clube.
"Eu tô ficando velho para começar a história (risos), mas é gratificante demais a gente torcer para um time desde criança. Sempre tive coisa do Flamengo. Lençol, bola, tudo era Flamengo. Com 11 anos eu chego na Gávea e tenho uma trajetória legal, muitos gols. Me destaquei bastante na base e chegar com 17, 18 anos no profissional e com 20 anos, naquela época era difícil estar jogando porque eram muitos craques, hoje em dia está mais fácil, a molecada tem que jogar para ser vendida rápido, tem que fazer um certo número de jogo pra aparecer", inicia.
O autor do gol do título não esconde a alegria por ter sido herói da conquista.
"A felicidade maior é saber que fiz história. É um livro grande desse que é o Flamengo que todo dia conta uma história nova e eu tenho a minha página lá, uma página legal de gol em título. Aparece quem faz o gol, a gente fala que pode ter um atacante com 30, 40, 50 passes para gol, mas o que vale é quem bota a bola para dentro. Foi importante para mim nesse momento, o Flamengo vivendo um momento muito ruim de incerteza, sem dinheiro, atraso de salário, uma realidade totalmente diferente do que é hoje", continua Lê.
Rodrigo Mendes também lembra com carinho daquela temporada: "99, particularmente para mim, foi muito especial. Foi um ano que eu joguei bastante o Flamengo, tive a oportunidade de jogar todos os jogos do Carioca, fazer o gol do título. E apesar da gente não estar indo tão bem no Campeonato Brasileiro, depois engatou uma sequência que nos deixou chegar até a final", comenta o ex-atacante.
Em 1999, o Palmeiras foi campeão da Libertadores e só parou no Manchester United, no Mundial de Clubes. Ou melhor... Parou no Flamengo, na Mercosul! Mas o certame não era nada fácil, e o que ajudou foi entrar mordido pelos confrontos anteriores, conforme lembra Rodrigo Mendes.
"Palmeiras tinha acabado de ser campeão da Libertadores, né? E tinha desclassificado a gente ali naquela Copa do Brasil. Naquela situação lá daquele jogo no Parque Antártica. Então, na realidade, era muito desejo de revanche mesmo. Principalmente depois do primeiro jogo lá no Maracanã, que a gente ganhou de 4 a 3. A gente ia para São Paulo com um desejo muito grande de revanche", lembra.
Lê segue caminho parecido e faz elogios ao Palmeiras de 1999.
"A gente respeitava muito, porque a gente sabia que o time deles era infinitamente melhor no papel. Mas aquela coisa que eu falo até hoje quando vou ao Maracanã: se a gente estiver em dificuldades, vai nos jogos, porque o Flamengo, a camisa é totalmente diferente, deixou chegar... ainda mais em copas. A gente sabia o que a gente queria. Por mais que o time do Palmeiras fosse um time, um elenco muito bom. Já tinha ganho a Libertadores, com mais dinheiro né, para contratar, e a gente sabia que a gente podia ganhar", diz Lê.
Lê também lembra das brincadeiras de Paulo Nunes, que usava máscaras quando marcava seus gols.
"Tinha da parte deles, que o Paulo Nunes estava naquela época de botar negócio de Papai Noel e tal, acabou que ele fez um gol também, que ele botava as máscaras dentro dos shorts. A gozação veio deles, e eles estavam muito, muito confiantes que iam ganhar o jogo, e a gente lutou até o final e fomos campeões", diz. antes de complementar:
"Paulo Nunes é amigo também, encontrei com ele depois, o Paulo Nunes é cria da Gávea. Em 95 eu tive com ele, quando eu era da base, isso era irreverência do jogador, e tudo era válido né, hoje em dia que é mais complicado, não pode fazer nada. Futebol mudou muito, e tá sendo bom também porque, nisso tudo aí, profissionalizou de fato. Mas a gente gostava, ele botava a máscara da tiazinha, era legal ver isso. Para a gente não tinha esse negócio não, era mais leve em relação a isso", completa.
O ex-atacante relembra sua campanha, citando o gol contra o Colo-Colo, além do tento na final diante do Palmeiras. A saída de Romário, porém, deixou a equipe com pouca experiência.
"Naquela Mercosul eu fiz jogos importantes, gols importantes também. Principalmente lá no Chile, no Colo-colo, e depois na final. Bastidores que eu lembro, desejo de revanche, aquela saída do Romário também, durante as finais. Como a gente era uma equipe muito jovem, a gente tinha o Clemer, o Célio Silva, o Leandro Ávila e o Romário, os jogadores mais experientes", lembra.
Mendes relembra as joias que surgiram naquela equipe.
"O resto era tudo garotada, eu, Fabão ali, nós tínhamos 23, 24 anos ainda, mas o resto era tudo meninada, né? O Lê, o Reinaldo, o Julio César, o Athirson, o Luiz Alberto, o Juan. Nosso time era bem jovem mesmo, o Rocha, Quadros. O bastidor mais mesmo foi esse, da saída do Romário, aquela saída conturbada, mas que não deixou a gente cair o rendimento, principalmente fazendo dois jogos muito bons contra a forte equipe do Palmeiras", complementa.
Para Lê a temporada foi conturbada, mas a fé na conquista se dava pela presença de Romário.
"Naquela campanha, era muito conturbado o ambiente da gente, era céu e inferno todo dia. A gente veio de problemas internos, e quando a gente viu também que não dava mais para o Brasileiro e a gente estava até perto de classificar, que naquela época ainda classificavam oito, do brasileiro. Eram tantos times, a gente não conseguiu classificar, e se fechou no vestiário para, antes do jogo contra o Vélez, semifinal, ainda estava o baixinho aí, o Romário", cita.
Romário deixou o clube antes do fim da temporada e de participar da decisão, mas instigou o elenco, e as palavras do craque antes de deixar o time ficou até o final do ano, quando o clube conseguiu se sagrar campeão.
"E a gente sabia que a Copa Mercosul seria a nossa salvação, que estava mesmo sabendo que lá na frente podia ter o Palmeiras, mas a gente também tinha o Romário, e o Romário. Confiávamos muito no que ele falava, no que fazia, e ele fecha com a gente no vestiário lá, só os jogadores, pede pra toda comissão sair, só fica a gente, os jogadores e ele dá uma mini palestra, que valeu muito. Mesmo depois ele tendo saído com alguns problemas, mas é um cara que deu uma força para gente enorme, e deixou uma palavra, e essa palavra valeu até o final. A gente seguiu a risca, e fomos campeões", conta
Lê revela quais foram as palavras de Romário no vestiário.
"Mais ou menos aquele negócio de acreditar na gente, porque ninguém mais estava acreditando, só quem estava acreditando, na verdade, era a gente e a torcida, que ele falou assim, a gente buscar a torcida pro nosso lado, a gente fizer as coisas que tem que fazer do ouvido, que a gente pede esse título, e foi o que aconteceu, porque a torcida começa a inflamar, a gente mostrando em campo o que quer né, tanto que o Maracanã contra o Palmeiras lotou, e a gente ainda pega o Peñarol na semifinal, um jogo muito difícil, que a gente faz 3 a 1 no Maracanã, e vai encaminhado para lá", revela.
Para Rodrigo Mendes, a Mercosul foi um dos principais títulos de sua carreira.
"Em relação ao título, sem dúvida, ele é extremamente importante para mim, na minha história dentro do Flamengo. Foram quase dez anos de Flamengo, desde a base. Cheguei no Flamengo em 91, no infantil, me profissionalizei lá e vivi uma série de experiências dentro do clube. O título internacional da Mercosul e o título da Mitsubishi International Cup, lá em Kuala Lumpur contra o Bayern de Munich", diz, antes de complementar:
"Acho que foram os dois torneios internacionais mais importantes. Mas aqui, pelo Al Ain, eu conquistei a Champions League da Ásia, que, teoricamente, também é um torneio continental dos campeões do país. Esses dois títulos são os mais importantes. Conquistei os nacionais. Copa do Brasil no Grêmio, Campeonato Japonês, Campeonato Catar, a própria Liga do país aqui nos Emirados Árabes. Então, nesse aspecto eu fui bastante feliz".
Além disso, Rodrigo discorre sobre a grandeza da conquista, que contou com grandes adversários.
"Acho que a gente valoriza, cara. Acho que a gente não deu tanta importância lá atrás, mas... A Mercosul, naquela época, era um torneio extremamente forte, se você parar pra pensar hoje. Só podia disputar a Mercosul, equipes que foram campeãs da Libertadores. Diferente de hoje, que hoje você tem a sul-americana, que são equipes que não se classificam pra Libertadores. Então, naquela própria edição, havia uma série de grandes equipes, e a gente saiu campeão", afirma.
Para Lê, a Mercosul mudou sua vida.
"Me mudou a vida, mudou o brinco que, precisava ter feito mais nada, podia ter parado de jogar, porque ali é, conquistei meu sonho ali, do meu pai, da minha família, de ter jogado no Maracanã, e sabe, joguei com o Romário, joguei com tantas feras ali, e ser sido campeão, levantar a taça, fazer um gol de título. Quem imagina isso com 11 anos, chegando no clube. Mas a gente vive no Brasil, que tem que fazer toda hora, se você não fizer, se você fizer ontem, amanhã, já não estão lembrando, isso aí a gente tem na mente, a gente sabe que uma molecada mais nova não lembra, tem que conversar com os pais deles. Hoje em dia é muito mais fácil grudar na cabeça (...) Antigamente ganhou o título, foi um título muito importante, mas daqui a pouco já começa uma outra temporada e vamos que vamos", declara.
As personalidades também responderam sobre a relação que tiveram, e Lê classifica Rodrigo Mendes como um grande amigo.
"O Mendes era um cara com uma qualidade tremenda, e a torcida não conseguia ver ele como era pra ser visto. O cara todo jogo fazia gol, todo jogo ia para dentro, jogava sempre, mesmo criticado, sempre estava em campo, mostrando, nosso time tinha muito daquilo, né? Essa era aí, 97, 98, 99, tinha muito daquilo, a gente ganha campeonatos contra o Vasco, teoricamente com times piores que eles falavam. Mas a gente sempre ia lá e beliscava, né?", inicia.
Ele exalta a continuidade da carreira do amigo.
"Nas finais, no Carioca, que o Carioca já foi muito mais importante do que é hoje, e o Mendes sempre fazendo parte disso, fazendo gol em final. Eu gosto muito. É um grande amigo que eu deixei também no futebol. Ele é mais velho que eu, mas muitas lembranças boas de resenha, de base, porque ele também veio da base, e feliz por ele, feliz por ter feito uma trajetória legal, depois foi pro Grêmio, brilhou", finaliza Lê.
Rodrigo Mendes, por sua vez, destaca a qualidade de Lê surgindo das categorias de base.
"Assim como os outros meninos, Júlio César, Quadros, Juan, Luiz Alberto, Reinaldo, o Lê também era um menino com muito talento, que vinha dessa geração, e que vinha buscando espaço também. Assim como a gente, que já era um pouco mais velho também, que vinha buscando nosso espaço, sequência de jogos e tudo mais", comenta.
Mendes lembra que iniciou jogada do gol de Lê na final da Mercosul.
"Para mim o jogo foi muito especial também, porque eu entrei no segundo tempo, fiz o gol, participei do segundo gol do Caio, dividindo com o Max, e principalmente teve o início da jogada ali, do lance do gol do Lê, né? Eu praticamente inicio ela. Então, assim, não daria para ter um desfecho melhor. Assim como foi no final do Carioca", destaca.
Rodrigo Mendes também deixa um recado final para a Nação.
"Eu acho que a mensagem que eu deixo pros flamenguistas é que Flamengo chegou na final, é sempre muito difícil. Principalmente por causa da sua torcida, que é muito apaixonada. E eu também sou rubro-negro desde criança. Realizei meus sonhos de criança, de jogar no Flamengo. Fui muito feliz aí. E que bom que a gente está marcado na história de forma positiva, Com títulos, com gols importantes. Eu fico muito feliz", finaliza Rodrigo Mendes.