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Não restam dúvidas: é uma luta a dois pelo pódio e acérrima até final. O SC Braga bateu o FC Porto (1-0), este sábado, na jornada 25 da Liga Portugal Betclic. Os bracarenses realizaram uma das melhores exibições da temporada para igualar os azuis e brancos no terceiro lugar com 50 pontos.

Os dois treinadores surpreenderam nas escolhas iniciais. Carlos Carvalhal só esta semana pôde voltar a contar com Robson Bambu, mas não teve receio em atirar o defesa central para o lado de Paulo Oliveira no onze inicial. Do outro lado, Martín Anselmi colocou Martim Fernandes na ala direita e João Mário do mesmo lado, mas no tridente da frente. André Franco foi também surpresa no miolo, ao lado de Alan Varela.

As surpresas promovidas por Anselmi em nada surpreenderam, porém, o SC Braga. A equipa da casa teve uma entrada muito forte, principalmente nos 20 minutos inaugurais, onde dominou em todos os aspetos. Posse de bola, duelos, intensidade, concentração. Os arsenalistas estiveram superiores aos azuis e brancos em todos esses indicadores e durante cerca de metade da primeira parte jogou-se maioritariamente no meio-campo portista.

Nesse período, aproveitaram os homens da casa para se adiantarem no marcador. Ricardo Horta transformou um livre na linha limite da área num penálti, contando ainda com a preciosa ajuda de João Moutinho, cujo movimento ajudou a enganar Diogo Costa.

O golo apareceu com justiça para a equipa que estava consideravelmente melhor no desafio. Do lado contrário, os azuis e brancos perderam-se em faltas - antes de cumpridos os primeiros 20 minutos já eram três os jogadores amarelados - e não só foram incapazes de servir o trio da frente nas melhores condições, como ficaram escassos de criatividade quando a bola chegou a zonas de definição.

Intervalo reverteu a tendência

Os minutos finais da primeira parte já trouxeram crescimento dos dragões, mais presentes no último terço, mas ainda sem conseguir criar grandes problemas a Lukas Hornicek. Perto do descanso, no lance mais perigoso, Samu Aghehowa cabeceou para defesa do guarda-redes checo e os dois acabaram por chocar. Luís Godinho mandou jogar num lance, no mínimo, difícil de analisar.

A amostra dos últimos dez minutos da etapa inaugural foi animadora para os portistas e a segunda parte trouxe melhorias evidentes na equipa de Martín Anselmi. Embora o SC Braga tenha voltado a entrar bem e a aproximar-se com perigo em vários momentos - quase sempre pela direita, onde Gabri Martínez foi um quebra-cabeças para o qual Otávio Ataíde não teve resposta -, a equipa portista conseguiu ter mais bola e passar mais tempo em ataque organizado.

Anselmi também não demorou a desfazer a linha de três centrais para lançar agitadores. William Gomes foi o primeiro e, pouco depois, Danny Namaso foi lançado e fez João Mário recuar no terreno. Os portistas ganharam novas armas, mas a defesa bracarense continuou serena e com uma concentração a níveis raramente vistos na presente temporada.

Para além do belo desempenho da linha defensiva arsenalista, permitam-nos a nota individual para João Moutinho. Aos 38 anos, o centrocampista joga e faz jogar. Deu uma aula e o sumário incluiu várias matérias: leitura dos espaços onde se posicionar, subtileza e eficácia no desarme e uma calma e segurança com a bola que contagia toda uma equipa. Ainda tem muito gás no tanque.

Feita a merecida honra individual ao internacional português, resta-nos dizer que o gás que Moutinho ainda tem no tanque foi o gás que faltou ao FC Porto nos minutos finais. À medida que o relógio avançou, os portistas voltaram a perder o controlo do jogo e o efeito das alterações esvaneceu-se. A bancada não perdoou e entoaram-se cânticos menos simpáticos para com a performance da equipa.

O jogo acabou com a Pedreira em erupção e em comunhão com a equipa, que anotou uma das melhores exibições da época. Nota ainda para a entrada do jovem Afonso Patrão nos derradeiros minutos.

Em termos classificativos, os dragões deixam o Minho com as contas do título muito complicadas, já que podem acabar a jornada a nove pontos da liderança. Pior do que isso, têm agora o adversário desta noite no encalço e a luta pelo acesso à Liga Europa está mais acesa do que nunca, com nove jornadas para o final do campeonato e os dois em igualdade pontual.