Portal dos Dragões
·3. Juni 2025
Francisco J. Marques em tribunal: “Condenei o que tinha acontecido na AG. Disse que aquilo era uma espécie de benfiquização do FC Porto”

In partnership with
Yahoo sportsPortal dos Dragões
·3. Juni 2025
Francisco J. Marques foi questionado sobre a possibilidade de ter visto pessoas a cair nas escadas do Dragão Arena. “Sei que isso aconteceu, mas não presenciei. Fiquei surpreso, pois à minha frente, um casal de aproximadamente 35 anos, a senhora correu em direcção à confusão, e o senhor que a acompanhava disse ‘ela é da PJ, eles estão lixados’, e depois nunca mais a vimos.”
Lembra-se do que afirmou no Porto Canal no dia seguinte? “Condenei o que aconteceu. Afirmei que era uma espécie de ‘benfiquização’ do FC Porto, pois isso nunca tinha ocorrido numa Assembleia Geral do FC Porto, enquanto no Benfica já houve casos em que o presidente agrediu um sócio.”
Francisco J. Marques confirmou a sua presença na controversa Assembleia Geral de 13 de novembro de 2023 “na qualidade de sócio” e disse ter-se credenciado “numa mesa de acreditação que estava no parque de estacionamento, um local que era exclusivamente utilizado pelos funcionários”.
“Não tenho a certeza de ter recebido uma pulseira, mas não posso garantir. Quando cheguei à mesa de acreditação, havia duas hospedeiras e fui para o auditório. Entrei e saí, pois estava cheio, o ar era completamente irrespirável e havia muita gente do lado de fora. Era evidente que a Assembleia Geral não poderia ter lugar ali. Isso era óbvio para mim, pois havia uma enorme fila de sócios à espera para se acreditarem”, afirmou o antigo diretor de comunicação do FC Porto.
“Todos nós sabíamos que a afluência a esta Assembleia Geral seria anormal em comparação com o habitual. Não falhei uma Assembleia Geral desde 2012 e todas se realizaram nesse auditório, que nunca estava cheio… As Assembleias nunca têm a comunicação social presente, a minha única intervenção era a de observar os anúncios que eram divulgados após as Assembleias. Na semana anterior, em conversa com o diretor de marketing, soube que estavam a ser consideradas duas alternativas para a Assembleia Geral e que a Tribuna VIP seria uma solução de recurso, caso o número de pessoas o justificasse, e se o número fosse superior, a Assembleia seria transferida para o Dragão Arena. Nunca houve pulseiras, só nesta houve, e não sei quem tomou essa decisão. Imagino que tenha sido para controlar a mudança de local”, acrescentou Francisco J. Marques.
Francisco J. Marques foi questionado sobre os temas em discussão na Assembleia Geral, especificamente a alteração dos estatutos: “Criou-se a noção de que esses estatutos eram para beneficiar a direção, e muitos pensaram que votar contra era um voto contra a direção… Essa ideia foi gerada, não sei porquê, pois não faz muito sentido. Nas redes sociais, como se confirmou depois, e nas próprias urnas, o movimento de oposição era muito superior ao apoio à direção em funções”. Percebeu o apoio dos adeptos a André Villas-Boas? “Era evidente e notável pela manifestação das pessoas”, acrescentou.
“Quando cheguei ao pavilhão, estava praticamente vazio. Fui com Tiago Gouveia [diretor de marketing do FC Porto] e Carlos Carvalho [diretor de segurança do FC Porto], sentei-me na bancada como um sócio comum. Fiquei na bancada central, em frente à mesa da Assembleia Geral.”
Recorda-se do que disse Pinto da Costa? “De uma forma resumida, afirmou que em relação aos estatutos a serem votados, era contra alguns e a favor de outros. Houve muitos assobios, o que não é comum nas Assembleias Gerais do FC Porto, e também houve palmas, mas os assobios eram em maior número, a confusão lamentável começou a partir daí.”
“Houve várias manifestações entre os que eram a favor da direção e os que eram contra. O que se ouvia mais era o ‘não aplaudes’ e muitos insultos… ‘És um filho da p… e um cabrão’, mas isso era de ambos os lados. Quando estávamos no Dragão Arena, não me recordo de ter havido cânticos.”
Consegue distinguir cânticos dos Super Dragões ou de meros associados e esses cânticos eram ofensivos? “Os que me recordo no auditório eram os habituais que se ouvem em jogos.”
O antigo diretor de comunicação do FC Porto foi questionado sobre se sentiu um ambiente de intimidação na Assembleia Geral. “Não, não senti isso… Quando a confusão começou, especialmente na bancada norte à direita, onde eu estava, as pessoas começaram a afastar-se, e formou-se uma clareira… Não consigo identificar bem o que aconteceu, senti que muitas pessoas estavam indignadas… a única pessoa que identifiquei foi Fernando Madureira. Depois vi-o a gritar e a gesticular, mas não conseguia perceber o que estava a dizer. A ideia que fiquei era de que ele estava a tentar controlar a situação, mas era impossível ouvir o que disse, só o via a gesticular…”, afirmou Francisco J. Marques, acrescentando que não teve contacto com o arguido Fernando Saul nessa Assembleia Geral.
“As coisas acalmaram, mas, após cerca de meia hora, houve confusão com Henrique Ramos. “De que me lembro, poucas pessoas quiseram falar. O doutor Miguel Brás da Cunha falou e não se conseguia perceber o que estava a dizer, fazia parte da comissão de revisão dos estatutos. O barulho era das pessoas a conversarem sobre o que tinha ocorrido anteriormente.”
“O Henrique Ramos falou e, depois de ele falar, houve dois sócios que se envolveram com ele. O único contacto físico que vi na Assembleia Geral foi nesse momento com Henrique Ramos, e aliás, toda a gente viu. Para minha surpresa, vi Tiago Aguiar e fiquei perplexo, pois a ideia que tinha dele era de uma pessoa muito calma… isso não fazia sentido”, prosseguiu o antigo responsável do FC Porto. “O Saul nunca esteve envolvido na confusão. “Não houve uma única votação na Assembleia Geral. Terminou, fiquei por lá a conversar e fui-me embora”, acrescentou.
Relativamente à segurança, Francisco J. Marques expressou a sua surpresa pela ausência da polícia após o início dos incidentes: “Não me lembro se falei com Tiago Gouveia, mas ele também não tinha qualquer responsabilidade na segurança. A única coisa que me estranhou foi a razão pela qual a polícia não entrou.”
Disse que na transição entre o auditório e o Dragão Arena, Tiago Gouveia e Carlos Carvalho comentaram algo consigo? “Lembro-me que eles criticaram o presidente da Assembleia Geral pela forma como a situação foi organizada, pois eles são os que tratam da operação no FC Porto, mas numa Assembleia Geral, quem tem a palavra final é sempre o presidente da Assembleia Geral. “Se alguém tivesse de chamar a polícia, seria Carlos Carvalho, que era o diretor de segurança, a tomar essa decisão.”
Quando Tiago Gouveia falou consigo sobre a Assembleia Geral? “Não consigo precisar, foi antes e pode ter sido entre quinta ou sexta”…
Live