Coluna do Fla
·22. November 2024
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Por anos, venho observando e comentando sobre os impactos do narcisismo no futebol. Especialmente quando ele ultrapassa o campo e atinge a relação entre jogador, clube e torcida. Gabriel Barbosa, o Gabigol, é um exemplo vivo de como o ego pode tomar proporções que, em última análise, comprometem a essência do esporte e a relação de respeito entre os envolvidos.
Não há dúvida de que Gabigol possui uma importância histórica inegável. Seus feitos estão registrados, e sua relevância foi indiscutível em momentos decisivos de uma fase gloriosa do Flamengo. No entanto, o pedestal em que foi colocado tornou-se tão alto, alimentado pela paixão exacerbada que permeia tudo relacionado ao Flamengo, que parece ter afetado seu desempenho, sua personalidade e sua postura diante do clube e da torcida.
O episódio mais recente e polêmico, envolvendo a divulgação de sua saída em meio à comemoração de um título, revela muito mais do que um simples movimento de carreira. Foi, no mínimo, um gesto calculado, que soou desrespeitoso com o técnico Filipe Luís e com a torcida flamenguista. Filipe Luís, uma figura que sempre respeitou as regras dentro e fora de campo, viu-se ofuscado por um ato que, ao que parece, visava apenas protagonismo pessoal. Da mesma forma, os torcedores, que poderiam ter celebrado de forma mais plena a conquista, tiveram a atenção desviada por um anúncio inoportuno.
E quanto à diretoria do Flamengo? Uma gestão que, ao longo dos anos, demonstrou grande respeito e valorização pelos seus atletas e ex-atletas. Foi essa mesma diretoria que apostou em Gabigol, reconhecendo seus méritos passados e garantindo a ele um espaço privilegiado no clube, com condições que muitos sonhariam em ter. Ainda assim, o ato de saída, em tom de “troco”, como muitos chamam, parece ter traído essa confiança.
O que vimos foi um exemplo de comportamento marcado por traços dramáticos, onde a necessidade de atenção e validação ultrapassou o compromisso com a coletividade. Foi um ato que revelou egoísmo e uma provocação desnecessária, que não condiz com o respeito que o jogador havia conquistado ao longo dos anos.
Gabriel Barbosa, por tudo o que você fez pelo Flamengo, agradecemos. Sua contribuição para momentos históricos do clube não será apagada. No entanto, é preciso reconhecer quando a história chega ao fim. Talvez o caminho que você segue agora lhe traga novos desafios e realizações, mas certamente também trará saudade – da torcida, do clube e do ambiente que um dia o acolheu como herói.
A nós, resta seguir em frente, valorizando aqueles que permanecem comprometidos com o futebol e com o respeito às suas bases. E a você, Gabigol, boa sorte – que seus próximos passos sejam mais sobre o campo e menos sobre os holofotes.