Última Divisão
·5. August 2025
Exercício literário

In partnership with
Yahoo sportsÚltima Divisão
·5. August 2025
“Filha da puta! Filha da puta!”
Um a um, a poucos metros, os jogadores emergiam da escadaria.
“Tu nunca vai para a seleção não, desgraça!”
Aos poucos, as faixas vermelhas e pretas subiam dos vestiários, protegidos pelos escudos do policiamento, dando as costas para a recepção de gala oferecida pelo alambrado em Petrolina.
“Magrão, seu viado!”
O camisa 1, de boné branco e uniforme preto, nem ligou.
“Dutra, corno!”
“Viado!”
“Filha da puta!”
“Seu merda!”
Seguia atento, mas não reconheceu um ou dois atletas.
Eis que, após um pequeno lapso, observou um menino, um garoto, com a camisa do Sport. De mãos dadas com ele, este sim, um atleta.
“Bala, desgraça, o guri é do teu tamanho, porra!”, proferiu, rápido como uma cabeça d’água.
Leia também:
Parou. Teria terminado?
Não, ainda havia Wellington Saci.
“Saci, como é que tu sai do Corinthians, porra? Como é que tu sai do Corinthians, desgraça?”
E mais.
“Elton! Corta o cabelo, Elton!”
Novo silêncio à beira do gramado do Estádio Paulo Coelho. A recepção de gala para os titulares do Sport havia acabado.
Mas não para os reservas.
“Reserva de Magrão! Reserva de Magrão”, bradou o torcedor.
Então, sem opções em meio aos jogadores que subiam ao gramado, direcionou uma tentativa de ofensa ao técnico.
“Geninho, porra!”
Com todos em suas posições, não havia mais ofensa nova a ser feita. Voltou-se então para alvos anteriores.
“Ô, Elton! Corta o cabelo, Elton!”
“Saci, filha da puta, como é que tu sai do Corinthians, porra?”
Petrolina, 16 de janeiro de 2011.
(Agradecimento ao amigo Rodrigo Salvador)
Live