
Gazeta Esportiva.com
·10. Juni 2025
Ex-diretor do Corinthians apresenta à Gaviões projeto de gestão inspirado em time da NFL

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·10. Juni 2025
A possibilidade de uma mudança no modelo de gestão do Corinthians vem ganhando força nos últimos dias. Nesta segunda-feira, o ex-diretor jurídico do clube afastado junto a Augusto Melo, Vinicius Cascone, se reuniu com a Gaviões da Fiel, a convite da principal torcida organizada do time, para apresentar ideias e discutir uma possível alteração na forma como o Timão é administrado.
Cientes da rejeição interna e de torcedores pela SAF (Sociedade Anônima do Futebol), alguns corintianos com influência nos bastidores do clube, como Cascone, são adeptos do modelo adotado pelo Green Bay Packers, da NFL, liga de futebol americano.
A franquia possui uma forma de administração empresarial que tem como proprietários os próprios torcedores, com cotas determinadas.
O conceito que Cascone apresentou aos Gaviões da Fiel não é exatamente igual ao modelo dos Packers, mas sim inspirado na maneira como a franquia norte-americana é gerida. Trata-se, portanto, apenas de uma ideia, com margem para debates e aperfeiçoamento, longe de ser um projeto finalizado.
Líderes da Gaviões ouviram Cascone comentar sobre o assunto no dia em que Augusto Melo foi afastado da presidência do Corinthians pelo Conselho Deliberativo. O convite feito pelo presidente da organizada, Alexandre Domênico, o Alê, foi motivado por esta conversa inicial e informal e teve como objetivo colocar Cascone para expor a ideia, mais detalhadamente, ao Conselho da Torcida, nesta segunda-feira.
Apesar de ser ex-Secretário Geral e Diretor Jurídico de Augusto Melo, Vinícius Cascone se afastou do grupo que liderava a gestão desde que não concordou em participar ou apoiar o ato do dia 31 de maio, quando Augusto tentou tomar o poder por meio de uma combinação com membros da Comissão de Ética.
COMO FUNCIONARIA?
Assim como o Green Bay Packers, o modelo idealizado por Cascone também teria como base fundamental a participação dos torcedores, que poderiam comprar cotas e, por meio delas, ganhar poder de voto nas eleições. Este é um dos principais desejos dos corintianos de uma forma geral.
Esses ‘cotistas’, entretanto, não teriam acesso ao Parque São Jorge, que permaneceria o mesmo, com os seus sócios e órgãos internos, como o Cori, Conselho Fiscal e etc. Os cotistas seriam uma espécie de ‘sócios do futebol’. Eles pagariam um determinado valor pela cota/título e, posteriormente, arcariam com uma quantia anual acessível, estimada em R$ 120,00, para mantê-la ativa.
A ideia é que houvesse, inclusive, possibilidade de financiar este título com um banco. Neste caso, se alguma instituição financeira comprasse, por exemplo, 500 mil cotas, cada uma pelo valor de aproximadamente R$ 2 mil, mesmo preço que é cobrado do associado do Parque São Jorge pela compra do título, o Corinthians arrecadaria por volta de R$ 1 bilhão. O montante ofereceria ao clube capacidade de quitar grande parte de suas dívidas. Além disso, 10% da quantia arrecadada seria destinada à sede social do clube.
(Foto: José Manoel Idalgo/Agência Corinthians)
Neste modelo, haveria superintendentes para cada área (financeiro, marketing, jurídico e etc), além de um executivo para o departamento de futebol. O futebol, entretanto, seria administrado por um colegiado de 21 pessoas. Destas 21, dez seriam eleitas pelo cotistas/sócios do futebol, enquanto 11 seriam escolhidas pelos sócios do Parque São Jorge. As ‘chapinhas’ teriam de lutar por representatividade entre os 11, pois teriam o número de cadeiras de maneira proporcional ao votos, como na Câmara dos Deputados.
Dentre os 21, três formariam o comitê gestor da diretoria do futebol, com um deles tendo maior poder. Esses três dirigentes seriam elegidos pelo grupo de 21 pessoas, encarregados de orientá-los e fiscalizá-los com reuniões mensais e outros mecanismos de controle, inclusive tendo a possibilidade de destituir aquele que vier a descumprir as normas estatutárias.
O membro de maior poder na diretoria executiva do futebol, portanto, teria autonomia de realizar o que bem entender, desde que o processo seguisse rigorosamente o regimento e a capacidade orçamentária do clube, como uma espécie de Primeiro Ministro. Já o cotista do futebol, além do poder de voto, também teria direito a se candidatar para umas das dez vagas e, se eleito, integrar o colegiado de 21 dirigentes.
O clube continuaria tendo um presidente eleito, mas este não teria mais qualquer poder sobre o futebol. Ele seria um representante do clube e tocaria as questões relacionadas ao Parque São Jorge e suas outras modalidades.
O modelo obviamente depende da adesão da torcida, assim como aconteceu com o projeto “Doe Arena”. O plano, aliás, é que todo o valor arrecadado pelo Timão com as cotas seja destinado diretamente para a quitação das dívidas do clube, exatamente igual ao plano elaborado pela Gaviões da Fiel junto à Caixa Econômica Federal para pagar a Neo Química Arena.
A ideia ainda é prematura e, além de carecer de novos debates e reuniões para ser aprimorada, levaria tempo para eventualmente ser aprovada pelos órgãos internos do Corinthians. Mas, o entendimento de pessoas influentes nos bastidores é de que o clube precisa se movimentar diante da situação financeira delicada e colocar o assunto em pauta no Conselho Deliberativo.