Coluna do Fla
·24. Mai 2025
Estrela do esporte revela ter recusado proposta astronômica do Vasco por amor ao Flamengo

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·24. Mai 2025
O Flamengo promete montar um grande time para brigar pelo título da Superliga Feminina 2025/2026. A última conquista do Mengão no torneio aconteceu em 2000/2001, tendo Virna como um das grandes estrelas. Em final histórica contra o Vasco, no Maracanãzinho lotado, o Rubro-Negro marcou o nome no vôlei nacional. A ex-ponteira, no entanto, por muito pouco não vestiu a camisa do rival e teve que recusar uma proposta salarial, que mudaria o patamar financeiro, por amor ao Mengão.
— Vasco e Flamengo era alucinante. Primeiramente, pela rivalidade. Minha história com o Flamengo foi muito louca. No primeiro ano, montamos um time em cima da hora, não tínhamos verba e ficamos em quinto lugar. No segundo ano, o Vasco veio com tudo, contratou uma seleção brasileira —, disse Virna, em entrevista ao ‘GE’.
— O (ex-presidente do Vasco) Eurico Miranda me ofereceu o dobro do que eu ganhava no Flamengo. Você sabe o que é o dobro do meu salário? Era uma aposentadoria para mim. Eu não traio o meu time, eu não saí do Flamengo. Isabel (Salgado) foi, Fabizinha foi, eu não fui. O orçamento do Vasco era quatro vezes maior que o do Flamengo. Eu virei até empresária, ligava: “A gente não tem muito dinheiro, mas você vai amar jogar no Flamengo, morar no Rio”. Eu seduzia pelo Manto Sagrado —, acrescentou a ex-jogadora de vôlei.
Atualmente com 53 anos, Virna se aventura como agenciadora de jogadoras de vôlei, comentarista de televisão e palestrante. Porém, se o telefone tocar e no outro lado da linha aparecer o Flamengo, a medalhista olímpica revela que larga tudo e aceita até ser técnica do time.
— (Por que não tem muitas técnicas no Brasil?) eu acho que a maternidade, pelo menos, no meu caso. Demanda muito. Agora, vou falar para você, se o Flamengo chegasse para mim um dia e falasse: “Quer ser técnica, Virna?”. A história muda. O Manto Sagrado é diferente. Esses dias eu fui lá no museu (do Flamengo), entrei com meus filhos e dois amiguinhos da escola deles, e tinham 70 crianças lendo minha história na telinha —, revelou Virna. — Eu fiquei tão emocionada. Olha o que represento para essa geração? A gente não tem a dimensão. Quando eles viram que era eu, parou o museu. “Tia, tira uma foto”. Meu Deus, deixei um legado. Meus filhos ficaram orgulhosos de saber que a mãe deles está no museu, que foi camisa 10, que estavam lendo a história da mãe deles. Esse legado que o esporte deixa é muito legal —, contou a ex-jogadora.
Em suma, ainda na entrevista ao GE, Virna relembrou o título da Superliga 2000/01 sobre o Vasco e também contou uma história engraçada. Assaltada na Cidade Maravilhosa, a ex-jogador virou ‘amiga’ do suspeito e até entregou uma camisa autografada do Flamengo de presente.
“Eu fui assaltada no Rio de Janeiro quando eu jogava vôlei de praia. Estava saindo do treino, na Rua Redentor. Eu tinha uma necessaire com óculos, protetor solar e dois reais do coco. O cara botou a arma na minha cabeça, levou a necessaire e um celular tijolão. No dia seguinte, comentei com o seu Jebé, que montava a nossa rede. Uma semana depois, o assaltante, quando soube que era eu, pediu desculpas, falou que era flamenguista roxo. Eu ainda mandei uma camisa do Flamengo para ele”. “Só no Flamengo acontece isso, o bandido vira seu amigo. Ele (ladrão) morava na Cruzada, e o seu Jebé também. Só no Rio de Janeiro para acontecer isso. Eu mandei uma camisa autografada: para Francisco Junior, beijos, Virna (risos). É o Flamengo!”.
“Eu ligava para as flamenguistas que eu sabia que gostavam. Montamos um time para ficar em terceiro ou quarto. Quando ganhamos daquele Vasco… Foi um dos dias mais inspirados da minha vida. Eu estava iluminada. Eu peguei a levantadora, a Gisele, pelo pescoço, apertei e falei: “Todas as bolas são para mim, você está ouvindo? Estou muito confiante”. Calma, você está me esganando. Quando a gente ganhou, aquele Maracanãzinho lotado, a torcida do Flamengo gritando meu nome. Eu cumprimentei as meninas e fui correndo para a arquibancada para agradecer. Eu saí do ginásio quase nua. Eu dei tênis, meia, joelheira. Saí com a sunga e o top, dei tudo para a torcida. Foi uma emoção muito grande”.
“Não, porque era uma paixão muito grande. E olha que dinheiro é importante, viu? Mas eu não sou uma pessoa materialista. Eu sou generosa, faço trabalhos voluntários, eu não faço conta. Quanto mais a gente ajuda, Deus dá em dobro. E depois eu conquistei de outra forma. E, se não tivesse conquistado, tudo bem. Dinheiro não é tudo. A vida é feita de dignidade e valores. A gente vive em um mundo meio promíscuo em relação a esses valores. As pessoas estão vivendo nesse mundo virtual, vivendo uma mentira e esquecendo do que tem dentro delas. A gente não muda as pessoas, mas através de exemplos, a gente arrasta multidões. Parem de julgar, de apontar. É uma guerra de direita, esquerda, time de futebol, religião. Futebol, política e religião não se discute”.