Contato com Petr Čech e pegador de pênalti: Conheça Lucas Furtado, goleiro da Seleção Sub-20 | OneFootball

Antes de ser convocado pela Seleção Brasileira Sub-20, Lucas Furtado nutria o sonho de ser um jogador profissional no Espírito Santo e contou muito com a ajuda dos pais para realizá-lo. Nascido em Muqui, município a cerca de 170 quilômetros da capital capixaba, Vitória, e com aproximadamente 15 mil habitantes, ele foi criado em Cachoeiro de Itapemirim, quinta cidade mais populosa do Espírito Santo, com quase 200 mil pessoas.

Lá, despertou o interesse de olheiros em torneios mirins. Recebeu ligações de alguns clubes, entre os quais o Flamengo, que o convidou para testes no Rio de Janeiro. E agradou. Em 2015, então com 10 anos, o arqueiro fazia o trajeto entre Espírito Santo e Rio semanalmente, acompanhado de sua mãe, e contou à CBF TV como era a rotina que, apesar de desgastante, foi importante para que chegasse à Seleção Sub-20 hoje.

“Foi uma loucura o que os meus pais fizeram. Durante dois anos, eu e minha mãe, a gente ia toda quarta-feira de ônibus para o Rio de Janeiro, e eu treinava quinta e sexta. Meu pai vinha do Espírito Santo no sábado de carro para me ver jogando pelo Sub-10, Sub-11 e Sub-12. Depois a gente retornava para o Espírito Santo, tudo isso durante dois anos.”

“A partir dos 12 anos, comecei a morar no Rio de Janeiro e a me adaptar um pouco. No começo, foi muito, muito difícil, como toda mudança é, mas fui virando homem, crescendo de criança para menino, de menino para adolescente e hoje um homem com 20 anos. E sinto gratidão por ter resistido ao processo e poder colher um pouco dos frutos agora.”

Lucas Furtado durante treino pela Seleção Sub-20 no CT Joaquim GravaCréditos: Rafael Ribeiro/CBF

A partir da mudança, ele teve que abdicar da convivência diária com seus familiares para literalmente agarrar a chance na capital fluminense, situação com que não precisa mais lidar.

“A maior dificuldade foi ficar longe dos pais, do meu pai, do meu irmão… Por ano, eu via meu pai cinco, seis vezes no ano, e meu irmão, duas, três vezes, e uma criança sente muita falta da família, então eu colocaria essa distância como um empecilho. Hoje a gente já não sofre mais porque, graças a Deus, meus pais vêm mais e ficam comigo no Rio de Janeiro, meu irmão também vem, então é bem tranquilo.”

Neste ano, Lucas vive o ano mais especial de sua ainda curta carreira, recebendo suas primeiras convocações para a Seleção Brasileira e fazendo parte da preparação para a Copa do Mundo Sub-20: participou dos amistosos em junho, no Egito, e, desta vez, para a disputa de dois jogos com o Paraguai.

“Estou tendo a honra de voltar para mais uma preparação para a Copa do Mundo. Acho que vão ser dois jogos bem difíceis. O Paraguai é bem qualificado, mas a gente está preparado e vem trabalhando bastante com o Ramon, estudando as táticas necessárias que vamos fazer no jogo também. E não tem como vestir a camisa da Seleção e não estar motivado. Então acredito que a gente vai sair com o resultado positivo nesses dois jogos.”

Lucas Furtado durante treino pela Seleção Sub-20Créditos: Rafael Ribeiro/CBF

Especialidade

Com 1,97m de altura, o goleiro de 20 anos tem se destacado pela capacidade de pegar pênaltis. Na final da Libertadores Sub-20, contra o Palmeiras, em março, defendeu duas cobranças e foi fundamental para o título do Flamengo. Ele detalhou que o estudo prévio foi determinante para, com a conquista, ajudar a classificar o Rubro-Negro à decisão do Mundial Sub-20, diante do Barcelona - a partida será no dia 23 de agosto, no Maracanã.

“Pênalti faz parte do futebol, no momento decisivo e também durante a partida. Além de trabalhar bastante, você tem que estudar muito o cobrador, e eu faço muito isso. Na noite anterior ao jogo do Palmeiras na Libertadores, passei a noite lendo, vendo as batidas e estudando. Então acredito que tem competência, muito trabalho e, sim, me sinto muito confiante também pela minha estatura de quase 1,97m de altura. Consigo utilizar isso bem ao meu favor na hora de ser decisivo.”

Apesar de ser um contexto de tensão para todos em um estádio, Lucas diz que sua cabeça, momentos antes de o cobrador chutar, fica “limpa”.

“(O que passa na minha cabeça é) Explode e vai. Na verdade, a cabeça fica limpa. Não tento pensar em nada e só me concentrar. Não tem nada ao redor, arquibancada, não tem nada. Tem eu, o jogador, a bola, e eu tenho que pegar (a cobrança). Só isso. E tento ser o mais rápido possível para chegar na cobrança.”

Lucas Furtado com o troféu da Libertadores Sub-20Créditos: Conmebol

Inspiração

Lucas Furtado tem como inspiração o goleiro tcheco Petr Čech, que foi um dos melhores do mundo na década de 2000 e 2010 e brilhou no futebol da Inglaterra. A origem, porém, decorre do pai, que o comparava ao filho ainda criança. Embora parecesse distante, o contato com o ídolo foi possível graças a David Luiz, com quem Čech atuou no Chelsea, por meio de uma brincadeira com o zagueiro no centro de treinamento do Flamengo.

“Surgiu de uma aposta com David Luiz. A gente bateu cinco pênaltis, se eu pegasse três, ele faria alguma coisa para mim. Se fizesse dois ou mais, não teria nada. Aí peguei três pênaltis, e ele queria me fazer um PIX. E falei: "Não quero pix, você já jogou com o Petr Čech, só quero um vídeo dele falando meu nome, mandando abraço… A partir daí, ele gravou um vídeo para mim, mas ainda não tinha me mandado mensagem. Quando fui bicampeão da Libertadores, fizeram uma matéria comigo, e ele me seguiu, mandou uma mensagem mandando parabéns. Quando vi a notificação, fiquei muito feliz.”

Lucas Furtado durante treino pela Seleção Sub-20Créditos: Rafael Ribeiro/CBF