Com emoção, a Fiorentina bateu o Club Brugge na ida das semifinais da Conference League | OneFootball

Não parece próximo o dia em que a Fiorentina deixará de dar um desgaste emocional desnecessário para sua torcida. Mais uma vez, a equipe de Vincenzo Italiano oscilou durante uma mesma partida e ficou perto de tropeçar no Club Brugge, pelo jogo de ida das semifinais da Conference League. Mesmo com superioridade numérica por cerca de meia hora e atuando em casa, a Viola só conseguiu superar os belgas nos acréscimos, construindo um placar de 3 a 2, que lhe dá mínima vantagem para a volta, em Bruges.

Italiano optou por escalar uma Fiorentina bem ofensiva, embora no seu 4-2-3-1 habitual. Considerando que o elenco violeta só tem bons apoiadores nas laterais – dessa vez, atuaram Dodô e Biraghi –, muitas vezes a sustentação no meio-campo é mais cautelosa. Nesta quinta, Arthur e Bonaventura foram os escolhidos para atuarem no setor, enquanto González, Beltrán e Sottil davam suporte a Belotti. Do outro lado, o Club Brugge do interino Nicky Hayen, técnico desde a demissão do norueguês Ronny Deila, em março, tinha um cauteloso 4-4-1-1 como base em sua visita ao Artemio Franchi. Onyedika, Jutglà e o capitão Vanaken eram os maiores destaques do onze inicial belga.

A partida começou debaixo de uma chuva torrencial, mas muito quente. Logo aos 5 minutos, Sottil – bem aberto na esquerda – recebeu bola invertida de González, centralizou a jogada e acertou belo chute de direita, acertando a bochecha da rede e deixando seu pai, Andrea Sottil, ex-técnico da Udinese, contente na arquibancada.

Sottil abriu o placar para a Fiorentina com um belo gol, mas lesionou a clavícula no segundo tempo (Getty)

O gol precoce fez a Fiorentina abaixar a guarda. E, aos 13 minutos, após bola estourada por Ranieri e recuperada pelo Brugge, Igor Thiago obrigou Terracciano a fazer ótima defesa. Na sobra, a pelota foi chutada pelo próprio brasileiro no braço de Biraghi. O VAR recomendou a revisão do lance e o árbitro Michael Oliver deu pênalti. Na cobrança, que só ocorreu aos 17, Vanaken deslocou o arqueiro e empatou.

Com a igualdade no placar, a Fiorentina passou a ter dificuldade de superar as linhas bem postadas do Brugge, embora seus atacantes costumassem ganhar os duelos físicos com a zaga adversária. Foi somente na casa dos 37 minutos que aconteceu um lance digno de nota – e, também, o segundo gol dos toscanos. Bonaventura chutou forte, o arqueiro Jackers bateu roupa e, na sequência da jogada, Belotti recebeu e girou sobre a zaga para finalizar. De canhota, o centroavante colocou no cantinho e, após marcar o seu primeiro pela Viola, extravasou na comemoração. O camisa 20 vinha jogando bem nos últimos meses, mas lhe faltava colocar a bola na rede.

O jogo foi para o intervalo com a vantagem da Fiorentina e, pouco após o descanso, a Viola quase aumentou. Aos 51 minutos, Sottil sofreu falta e precisou deixar o campo para dar lugar a Kouamé – o italiano acabou fraturando a clavícula e não atua mais em 2023-24. Na cobrança da infração, a bola foi levantada na área e Jackers teve de usar a ponta dos dedos para mandar uma potente cabeçada de Belotti para escanteio.

Quem imaginou que a Fiorentina iria crescer após o lance de perigo se enganou. Na casa dos 60, Martínez Quarta vacilou na marcação dentro de sua própria área e perdeu para Igor Thiago, que rolou para Jutglà desperdiçar uma oportunidade inacreditável. Na sequência, Onyedika cometeu falta estúpida e levou o seu segundo cartão em dois minutos, deixando o Club Brugge com um jogador a menos. Assim mesmo, o time belga empatou de imediato: Ranieri errou na marcação do atacante brasileiro, sempre perigoso, e foi surpreendido por um chutão. O prata da casa cruzeirense ganhou na corrida e bateu cruzado, igualando a peleja.

Autor do segundo gol da Fiorentina, Belotti encerrou o seu jejum pela equipe na vitória sobre o Club Brugge (Getty)

Devido ao empate e à inferioridade numérica, o Brugge passou a se resguardar ainda mais na defesa, enquanto a Fiorentina começou a apostar na bola aérea. Na marca dos 82 minutos, Bonaventura gingou e levantou na medida para Belotti, que cabeceou para fora. Aos 84, o atacante repetiu a dose em cruzamento de Dodô.

Trancado em seu campo, na expectativa de arrancar o empate na semifinal da Liga Conferência, o Club Brugge sucumbiu apenas nos acréscimos, numa jogada que envolveu duas peças que haviam acabado de entrar na Fiorentina.  Um deles era Nzola, que estava meio escanteado no elenco e quase deixara Florença na janela de transferências de janeiro. Mesmo assim, diante da urgência e de suas características, Italiano – patrocinador de sua chegada à equipe e responsável por mantê-lo – o colocara no lugar de Belotti.

Aos 91 minutos, após mais uma bola levantada na área, Barák cabeceou e a sobra ficou com Nzola, que chutou e contou com desvio na zaga para acertar a trave. O rebote caiu nos pés do próprio centroavante angolano, que retribuiu a confiança do treinador ao bater no canto e garantir mais um suado triunfo violeta. Uma vitória que pode levar a Fiorentina para sua segunda final consecutiva de Conference League e à terceira decisão da gestão de Italiano.

É verdade que a vantagem dos gigliati no confronto com o Club Brugge foi construída, não podemos esquecer o quanto essa equipe gosta de drama. Analistas ponderados jamais considerariam que a Fiorentina teria amplo favoritismo em sua visita à Bélgica. A semifinal segue aberta – mais até do que a outra, já que o Olympiacos foi até a Inglaterra e aplicou 4 a 2 sobre o Aston Villa.