Coluna do Torcedor: “Era do profissionalismo: a verdadeira indutora da consolidação do protagonismo do Flamengo no RJ e Brasil” | OneFootball

O fortalecimento do profissionalismo tem exigido a implementação de novas concepções nos comandos das Instituições de Futebol que pretendam se colocar como competitivas em épocas atuais e futuras. Essas formatações, que refletem os parâmetros contemporâneos de gestão, estão sendo consolidadas tanto nos Clubes do Estado do Rio de Janeiro, quanto do Brasil e demais Países.

Com o intuito de atingir performances compatíveis com as demandas de seus adeptos, a literatura vigente recomenda que as Agremiações sejam geridas como empresas dos seus ramos de atividades (ou negócios). Porém, sem perder, no cotidiano das existências, a paixão histórica que caracteriza seus simpatizantes em favor das cores identificadas nos respectivos trajes, escudos e bandeiras.

Acrescente-se que a modernidade obriga também o cumprimento de legislações e regulamentos ajustados aos correspondentes estágios da evolução humana. Atitudes e posturas antes toleradas, enfrentam restrições nos tempos correntes, podendo ocasionar fiscalizações e condenações rígidas. Em ilimitados aspectos. As adequações nos campos administrativos e comportamentais se impõem objetivando atender aos contextos que normatizam as relações trabalhistas, pessoais e empresariais. Visando contemplar tais universos, os modelos implantados nas organizações devem responder a constantes desafios estabelecidos por cenários até há pouco desconhecidos ou desprezados, mormente nos ambientes envolvidos com o esporte em tela.

Em contrapartida, este panorama profissionalizado oferece aos organismos abundantes oportunidades em numerosos aspectos. Inclusive para incrementos de capitais provenientes de diversificadas fontes (afora aquelas tradicionais, auferidas nas bilheterias, mensalidades de associados ou contribuições de voluntários e beneméritos).

A realidade está a requerer, portanto, a configuração nos organogramas dos Clubes de sabedorias específicas em áreas tão díspares e complementares quanto planejamento empresarial, contratos de televisão, publicidade, marketing, lojas, museus, sócios torcedores, ingressos diferenciados, vestimentas e premiação por títulos.

Essas entidades devem focar ainda e de modo contínuo, na incorporação de plataformas de inovações em múltiplas áreas. Notadamente, naquelas que envolvem centros de treinamento, detecção de talentos, formação de atletas, medicinas específicas, apoio psicológico, comercialização de passes de jogadores, sejam de categorias de base ou dos planteis profissionais, dentre outras.

Neste enquadramento, faz-se relevante realçar que desde o final do século passado o Flamengo, sintonizado com outras unidades que confiaram nos recentes paradigmas gerenciais discorridos, vêm se notabilizando como um dos pioneiros na eleição de gestões antenadas com o Século XXI.

Necessário se faz, em caráter antecipado e por dever de justiça, enfatizar os infinitos méritos de todas as gerações de diretores, dirigentes, jogadores, atletas e torcedores que lideraram o Rubro-negro a partir de sua fundação, no ano de 1895, aos presentes dias. Certamente, foram eles, com suas capacidades, dedicações e tenacidades, que construíram e legaram a mística. Adquiriram e edificaram patrimônios. Colecionaram triunfos, medalhas, taças e honrarias épicas. Além de terem disseminado as citadas cores em termos nacionais, transformando a instituição no “Clube Mais Querido do Brasil”.

Alguns desses heróis desempenharam performances reverenciadas nos ambientes interno e externo. Devido às suas reconhecidas competências e desprendimentos, vários tornaram-se, ao longo do tempo, nomes de ruas, praças, monumentos, ginásios, estátuas, espaços, instalações e centros de treinamento. Esses fatos estão lavrados, em definitivo e com méritos, na longa história de sucessos do CRF, que remonta à sua própria criação.

Ousa-se, todavia, registrar que a partir da constituição da FAF – Frente Ampla pelo Flamengo em 1977, emblemático grupo formado por profissionais e empresários de variadas áreas de atuação, vitorioso naquele emblemático pleito, o Flamengo acelerou sua jornada objetivando atingir patamares condizentes com o ideário de sua magnífica Torcida. A partir daquele evento, verificou-se uma profunda transformação na mentalidade de governança do Clube.

Afinal, havia alguns consensos apresentados pela chapa contemplada com a maioria dos votos, que se sobrepunham às demais proposições expostas naquela eleição. O primeiro deles, ressaltava a importância de acelerar a introjeção de princípios e aspectos profissionalizantes, bem como a superação do amadorismo nos mecanismos de controle do Clube. Em seguida, conquanto, em plano equivalente: o Flamengo deveria assumir, em definitivo, o inegável perfil de protagonista defendido por sua apaixonada legião de aficionados e marchar para uma acumulação de conquistas sem precedentes na sua História.

Contemplando o processo evolutivo, observa-se que daquele marco em diante novas perspectivas e horizontes se estabeleceram de forma natural. Intensificou-se a introdução, apesar das oscilações, de conceitos inovadores nas propostas de ação e instâncias de comando, visando diferenciar-se dos contendores da respectiva Unidade da Federação e no País.

A inserção dos patrocínios nas camisas, bem como a comercialização dos direitos de transmissão de jogos são exemplos de ações desbravadoras que começaram no final da década de 70 do século XX. Irmanadas a várias outras, distinguiram o Rubro-Negro no concerto das entidades praticantes do esporte bretão em solo brasileiro.

Embora contidos em uma brilhante trajetória de 129 anos, repleta de glórias em dezenas de modalidades, enfatize-se a profunda inflexão adotada na coordenação do Flamengo nesses últimos 47. Nesta fase, empilharam-se sequências de ciclos vitoriosos em termos estaduais, nacionais e internacionais que, apesar de descontínuos, reforçaram a expressiva posição patrimonial, orçamentária e desportiva do Flamengo no âmbito do Rio de Janeiro e no Brasil.

Para efeito de análise, observa-se que nessas quase cinco décadas envergaram o Manto Rubro-negro alguns dos seus principais craques, além de proporções consideráveis das melhores equipes. Datam desta etapa o alcance, pelo Flamengo, da supremacia no futebol do Estado do Rio de Janeiro. De um extenso acervo de títulos nacionais e internacionais. Da anexação ao currículo de três Copas Libertadores. E, principalmente, da consagração mais emblemática: a vitória em dezembro de 1981 do Campeonato Mundial de Tóquio, colocando os ingleses na roda, como canta a Magnética.

Entretanto, o referido período não transcorreu de forma cartesiana e sequencial sem sobressaltos. Existiram mandatos que apresentaram características criativas e vencedoras entremeadas por fases merecedoras de contundentes reparos. Em instantes cruciais, a despeito de localizados, órgãos de avaliação e associados impediram que a Locomotiva Flamengo descarrilasse.

Resgate-se que em dezembro de 1999, o Clube assinou contrato com a maior empresa de marketing esportivo do mundo na época, a suíça ISL. A mesma que trabalhava com a FIFA no mesmo escopo. Este acordo, que se iniciaria em janeiro de 2020 e vigeria por 15 anos, definia um aporte R$ 80 milhões de dólares no Flamengo, valores definidos como estratosféricos nas circunstâncias daquele momento.

Nada obstante ter sido originado com expectativas revolucionárias, as ações posteriores não permitiram que fossem logrados os êxitos previstos naquele evento, em particular o de transformar o CRF no maior Clube do Brasil e um dos dez maiores do Planeta Terra. As ações nos interiores da Companhia e da Agremiação, assim como na esfera da parceria em si, impossibilitaram o atingimento dos objetivos e sonhos.

Muito ao contrário, rompido o acordo, sobraram o caos e dívidas de difíceis quitações. Mais uma vez, a semente havia sido plantada, germinara, mas, não se viabilizaram todas as possibilidades e prognósticos. Em verdade, com agudas dificuldades, sobreviveu-se aos períodos subsequentes.

Mas havia um norte magnético a iluminar rumos.

Enfim, veio a campanha do ano de 2012, em uma unidade multiesportiva que detinha um impactante passivo (em torno de R$ 800 milhões) e ampla lista de credores, somados a problemas de incontáveis nuances. Mais uma vez, o marcador de tempo demandava iniciativas e posturas de extrema responsabilidade, coadunadas com a gravidade da situação exposta.

O grupo empossado no ano de 2013, sob a égide de diretrizes vanguardistas, assumiu obrigações no sentido de eliminar os débitos que estrangulavam o Clube e obstavam a execução das estratégias aprovadas nas urnas. Decisões amargas voltadas para o equacionamento dessas circunstâncias foram efetivadas. Em níveis legislativos, financeiros, controle e direção. Em paralelo, esforços contundentes na geração de ideias que provocassem a ascensão dos números na coluna de receitas. Os resultados se fizeram notar, após conjuntura de pesados sacrifícios e variados graus de intercorrências ou entraves.

O Centro de Treinamento se afirmava como um dos mais completos e admirados. Novos lotes contíguos vêm sendo incorporados objetivando ampliações. O Flamengo mirava tornar-se superavitário e transparente. Esses objetivos restaram equacionados, com louvores descritos por auditorias independentes.

De 2019 em diante, obedecendo a determinação de um hino que anuncia “vencer, vencer, vencer”, como um mandamento a ser honrado, o Flamengo confirmou seu encontro com um destino de Clube poderoso e acumulador de títulos, vinculado a valores de governadoria que transcendem Diretorias e eventuais Grupos no exercício do Poder.

Os investimentos cresceram em caráter exponencial. As equipes incorporaram atletas de elevada qualificação nas diversas áreas. A sede transformou-se, integrando benfeitorias, parques, quadras, museu e ginásios poliesportivos. A concessão do Maracanã foi alcançada. O terreno para o Estádio próprio foi comprado à vista. Os êxitos multiplicaram-se e o prestígio do Clube, idem.

Além dessas realizações no campo gerencial, O Flamengo segue atento à emissão de alertas sobre a possível edição de regras relacionadas ao fairplay no campo internacional que, no devido tempo, provocarão a adaptação das estruturas empresariais a esta variável em todas as Agremiações. As premissas por ordenamentos dinâmicos e digitais, respeito às leis e prestação de contas serão, por óbvio, mais rigorosas.

Certas exigências visarão assegurar, dentre outros padrões, que investimentos e despesas sejam correlatas com os recursos auferidos. Os passivos, quitados. E que as concorrências e disputas se apresentem leais sob todos os paradigmas.

Finalizando, na visão do associado e torcedor não há retrocesso possível. Vitórias, Lideranças e Títulos são demandas cotidianas. Permanentes. Encontram-se inseridas no DNA Rubro-negro. Reivindicam, no entanto, em adição, que aqueles que detiverem a responsabilidade de conduzir o Clube de Regatas do Flamengo neste século XXI, assumam compromissos inarredáveis com indicadores de gestão sustentáveis. Afinal, os obstáculos se agigantam para uma Instituição que jamais admitiu menos que ser Exemplo e Referência no Futebol e demais Esportes em que compete. Sempre a favor do Brasil.

AUTOR: Engº Civil Henrique Luduvice Ex-Presidente do CREA/DF, MÚTUA e CONFEA Sócio do Flamengo há 40 anos. Membro Nato do Conselho Deliberativo

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