
Gazeta Esportiva.com
·22. Mai 2025
Augusto e aliados tentam afastar Romeu para impedir votação de impeachment no Corinthians

In partnership with
Yahoo sportsGazeta Esportiva.com
·22. Mai 2025
Sob risco de impeachment, o presidente do Corinthians, Augusto Melo, está mobilizando aliados nos bastidores para uma força-tarefa com o objetivo de afastar Romeu Tuma Júnior da presidência do Conselho Deliberativo e, consequentemente, impedir a votação de destituição do mandatário. A reunião está marcada para a próxima segunda-feira, a partir das 18h (de Brasília), no Parque São Jorge.
Temerosos com a possibilidade de afastamento do presidente, que ganhou ainda mais força com os recentes desdobramentos do caso VaideBet, Augusto e seus pares estão se movimentando para, através da Justiça, afastar preventivamente Romeu. Se Tuma for retirado do posto, a presidência do CD seria assumida por Roberson Medeiros, conhecido como ‘Dunga’, atual presidente da Comissão de Ética e Disciplina do Conselho Deliberativo do Corinthians.
Dunga mantém relação próxima com Augusto Melo, frequentando inclusive o camarote da presidência em jogos do Timão na Neo Química Arena. Com ele no poder, haveria uma esperança de que o encontro designado para definir o futuro do mandatário à frente do clube seria embargado.
AUGUSTO TENTA DERRUBAR VOTAÇÃO NO STF
Conforme apurou a Gazeta Esportiva, Augusto Melo e seus aliados já fizeram três tentativas para derrubar a votação de impeachment no Conselho. O presidente viajou a Brasília duas vezes nos últimos dias com a intenção de conseguir uma liminar por meio do Supremo Tribunal Federal (STF).
Esta não seria a primeira vez que o mandatário tenta impedir judicialmente o encontro. Ele chegou a adiar a votação no dia 2 de dezembro de 2024 e, cerca de um mês depois, no dia 20 de janeiro de 2025, tentou novamente suspender a reunião no CD, mas desta segunda vez teve o pedido indeferido pelo Tribunal de Justiça.
O presidente recorreu da decisão, mas teve sua pretensão novamente negada na 4ª Vara Cível do Tatuapé, onde tramitava o processo original em primeira instância. Em março deste ano, o Foro julgou como “improcedente” a solicitação de Augusto, decidiu encerrar a ação e o condenou a pagar R$ 5 mil a Romeu a título de honorários de sucumbência, além das despesas processuais.
CONSELHEIROS PEDEM AFASTAMENTO DE ROMEU
Simultaneamente à ida do presidente do Corinthians ao STF, o conselheiro Roberto Willian Miguel, conhecido como ‘Libanês’, protocolou na 5ª Vara Cível do Tatuapé um novo pedido de suspensão da votação de impeachment, semelhante ao que já havia sido feito por Augusto Melo e, posteriormente, indeferido.
No pedido de tutela antecipada, o qual o Gazeta Esportiva teve acesso, Libanês diz que Romeu convocou para o próximo dia 26 uma “Assembleia Geral” com a finalidade de “deliberar sobre a destituição do atual presidente”, sob alegações de “gestão temerária” e com base em um inquérito policial “inconcluso, sem qualquer indiciamento, denúncia ou decisão judicial”.
Acontece que o presidente do Conselho Deliberativo não convocou uma Assembleia Geral, mas sim uma “reabertura da reunião extraordinária iniciada no dia 20 de janeiro de 2024”, conforme consta no Edital de Convocação assinado por Tuma no último dia 13 de maio. Roberto Willian, inclusive, é um participante do encontro que está suspenso e não se manifestou à época de seu início. Portanto, o pedido de Libanês neste momento teria a intenção de não permitir que a reunião seja concluída.
A Assembleia Geral citada por Libanês, que é a última instância do processo de destituição, com a participação dos associados do clube, será marcada apenas se o Conselho der um parecer positivo quanto ao impeachment de Augusto Melo.
Além disso, o encontro não foi agendado sob alegações de gestão temerária, como disse o conselheiro, tendo em vista que a reunião tratará do processo de impeachment aberto por conta do caso VaideBet. Houve, sim, um outro pedido de afastamento imediato protocolado pela Comissão de Justiça ao CD, sob argumentações de infrações a artigos da Lei Geral do Esporte e do Profut, mas este ainda não teve um desfecho.
É importante dizer, ainda, que a deliberação de destituição ou não um presidente do Corinthians cabe ao Conselho Deliberativo do clube e não depende de investigações policiais ou decisões em esferas judiciais.
Outro conselheiro do Corinthians, Peterson Ruan Aiello de Couto Ramos, protocolou uma outra solicitação de afastamento de Romeu, esta na Comissão de Ética e Disciplina do CD do clube. Ele crê que a marcação de uma reunião para votar de impeachment de Augusto, sem o encerramento formal do inquérito policial, é um “ato precipitado”.
ROMEU PREPARA DEFESA
Como apurou a reportagem, Romeu Tuma Júnior já tomou conhecimento dos pedidos e está em vias de peticionar a sua defesa.
Vale lembrar que, em março, a assessoria de Augusto Melo enviou à Gazeta Esportiva uma nota, escrita pelo advogado do presidente, Ricardo Cury, justificando os motivos que levaram o mandatário a mudar de postura, uma vez que, em entrevista na zona mista da Neo Química Arena, no dia 19 de janeiro, ele afirmou que não buscaria a Justiça Comum para tentar impedir a votação de impeachment no Conselho Deliberativo do clube.
O advogado disse que o presidente não deseja barrar a votação de destituição, mas quer que o processo seja conduzido de “maneira legal”, o que, na visão dos aliados de Augusto, não está sendo feito por Tuma. Por isso, ele deseja afastar o presidente do CD.
“O presidente Augusto não se opõe à nenhuma forma investigação pelos órgãos competentes do Corinthians e também não se opõe a nenhum processo de impeachment contra sua gestão. O que estamos discutindo judicialmente é esse processo em si. Estamos convencidos que esse processo tem nulidades. Está contaminado e muito mal conduzido pelo Romeu Tuma, presidente do Conselho Deliberativo. Há uma série de argumentos que colocamos na primeira instância, que colocaremos na segunda instância e vamos levar para Brasília se não conseguirmos o que desejamos. Não desejamos que o processo não aconteça, mas que ocorra o devido processo legal, com a garantia do contraditório, garantia de ampla defesa, possibilidade de produção de provas… É isso que estamos discutindo”, justificou Ricardo Cury.