Fogo Na Rede
·30. November 2024
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Artilheiro e campeão da Libertadores, Júnior Santos marcou o gol que decretou a vitória do Botafogo sobre o Atlético-MG por 3 a 1, no Mâs Monumental, em Buenos Aires. Após a partida, em entrevista à ESPN, o atacante lembrou os momentos difíceis da carreira e dedicou o gol ao pai.
— É muito difícil o jogador ficar fora por contusão, no melhor momento da minha carreira. Via o time indo bem, sempre estava presente, quis o melhor para o grupo. Quem me conhece sabe. O mais importante era o Botafogo. Fui trabalhar o meu mental, estar o mais forte mentalmente, estou tentando ganhar ritmo ainda, porque não tem tempo para treinar, para desenvolver o que tenho de melhor. O tempo que tenho entrado tenho tentado colocar vontade, raça. Estou muito feliz de fazer o gol e de nos consagrarmos campeões da Libertadores – disse Júnior Santos.
– Sonhei com isso. Em um vídeo meu, jogando na tribo que cresci, em Conceição de Jacuípe, tinha 20 anos, jogando em campo de terra, falava “sou o Rakitic”, às vezes dizia “hoje vou jogar só com a perna esquerda, sou o Messi”. Sempre me imaginei jogando em grandes estádios. Quando vi a oportunidade, fiz gols na pré-Libertadores, falei “tem algo reservado para mim”. Me ajudei fazendo as jogadas, indo para cima. Era momento de segurar, falei “tô nem aí”, fui para cima. Sempre imaginei – relatou Júnior Santos, emocionado ao se recordar do pai.
– Falo para os jovens, continua batalhando, se não der para ser jogador, seja cidadão de bem, honre pai e mãe. Quero dedicar a meu pai, minha mãe, meus familiares. Meu pai até chegou a me ver jogar, mas tinha perdido a memória. É uma coisa que me dói muito. Já falei da minha trajetória, fui um jovem muito rebelde, não segui os conselhos do meu pai na infância, me arrependo muito. Muitas pessoas falavam mal de mim onde eu morava, com razão. No meu melhor momento, ele não está aqui para ver, mas agradeço a Deus porque está me vendo onde estiver, a pessoa que me tornei. Erro como pessoa, sou falho, mas quero dedicar ao meu pai, sou campeão e artilheiro da Libertadores.
– Foi o pedido que atendi dele. Estava jogando no Oswaldo Cruz, time de quarta divisão, já tinha dois filhos, as contas não estavam batendo. Falei que ia trabalhar, ele falou “você está em São Paulo, seu pai sempre quis e nunca foi, você foi de avião”, a gente que é da roça nem sabe o que é isso (risos). “Se voltar, não fale mais comigo”. No momento que não acreditei em mim, ele acreditou. Hoje não desacredito mais de nada, por isso acreditei que ia entrar e fazer o gol – expressou.
Vitor Silva/Botafogo
– Zoação é normal, o povo brasileiro é assim, de zoar. Mas na nossa vida valemos o que conquistamos, o que ganhamos. Se você é campeão, é vencedor. Se Neymar ganha a Copa do Mundo, é o melhor do mundo. Quantos títulos você já ganhou, nunca ganharam Libertadores? Se chegar no supermercado um cara com terno e um mendigo, o de terno vai ter mais relevância. Mas na minha opinião somos vistos como Deus nos vê, independentemente de título. Não sou o que as pessoas acham, sou o que Deus pensa de mim. Sou um vencedor, um campeão, saí da tribo, da favela, se não tivesse aqui seria vencedor também, porque conheci Jesus, sei que ele pode livrar e salvar. Vim de vida sofrida, vícios, virei nova pessoa, Deus me transformou e me deu possibilidade. Esse grupo mostrou que é vencedor, 2023 foi para nos tornarmos mais fortes. Somos campeões – concluiu.