André <i>Balada</i>, do futebol de campo ao futebol de mesa: «Quero ser campeão brasileiro» | OneFootball

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·24. Februar 2025

André <i>Balada</i>, do futebol de campo ao futebol de mesa: «Quero ser campeão brasileiro»

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Após colocarem um ponto final nas suas carreiras, os jogadores optam por caminhos alternativos para o futuro. Helton, por exemplo, dedicou-se à música, já Miguel Garcia optou pelo ramo imobiliário. Contudo, outros intervenientes não conseguem abandonar a elevada paixão pela competitividade.

André Balada, avançado que representou o Sporting, despediu-se dos relvados em 2024. Como tal, aproveitou a oportunidade para regressar a uma atividade que havia deixado em stand-by, entre o tumulto das constantes viagens: o futebol de mesa, mais concretamente o futebol de botão.


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O zerozero esteve à conversa com o antigo avançado, de forma a compreender os motivos que levaram o ponta de lança a enveredar por esta modalidade, bem como os princípios desta prática desportiva, desconhecida pelo público em geral.

Crescer a fazer o que se ama

O amor do '9' pelo futebol de mesa, tal como pelo desporto-rei, surgiu em tenra idade: «Desde miúdo que joguei o jogo do dedinho no meu bairro, em Cabo Frio. Inclusive, é lá que é a sede. Brincava com os meus amigos ao botão com muita regularidade. Na altura, era muito normal», referiu, numa primeira instância, ao zerozero.

Com 15 anos, o pequeno André já se ia destacando neste costume, chegando mesmo a disputar o Campeonato Brasileiro. Contudo, se antigamente era usual ver-se o tabuleiro a ser montado, o ex-futebolista garantiu que esta prática já não é tão recorrente na Terra de Santa Cruz. No cerne desta evidência, surge a mudança de interesses dos miúdos.

«Hoje em dia, as crianças estão ligadas à Internet, ao telemóvel, aos videojogos e deixam para trás os jogos mais tradicionais, como o botão e o peão. Também já não se joga à bola nas praças ou perto de casa», sublinhou, não escondendo alguma tristeza.

Apesar deste notório fascínio pelo futebol de mesa, o brasileiro não conseguiu praticar com regularidade durante a sua vida futebolística, muito por culpa do desinteresse dos companheiros: «Infelizmente, não conseguia jogar nas concentrações. A malta preferia jogar cartas ou Playstation. As pessoas não gostavam de levar o tabuleiro de um lado a outro, até porque a mesa é bastante grande [risos].»

Nem no Sporting teve essa sorte.

Na sua curta passagem pelo emblema de Alvalade, entre final de agosto de 2016 e início de fevereiro de 2017, o ponta de lança realizou, apenas, 15 partidas sob a orientação de Jorge Jesus, tendo anotado três golos e duas assistências. Porém, a breve estadia em Portugal deu para criar algumas memórias, maioritariamente positivas.

«Tenho boas recordações. Quando cheguei ao clube, o Sporting estava num período de reestruturação. Após uns anos, acabou mesmo por ser campeão. A massa associativa é muito apaixonada, mas estava um pouco adormecida face ao grande número de anos sem levantar o principal título. Estou muito feliz pelo clube ter voltado ao patamar onde já esteve antes», afirmou.

«Os meus objetivos no futebol estavam cumpridos»

Em agosto de 2024, André Felipe, com passagens no futebol ucraniano, francês, turco e russo, regressou à Cabofriense para a sua Last Dance. No clube da terra, no clube onde foi formado, a estrela da companhia ajudou o Tricolor Praiano a chegar aos quartos-de-final da Copa Rio, antes de anunciar o fim da sua carreira.

Com a conquista de duas Recopas Sudamericanas e duas Copas do Brasil, entre outros títulos coletivos, o antigo jogador explicou os motivos que levaram à sua importante decisão: «Os meus objetivos no futebol estavam cumpridos. Senti que tinha chegado a hora de retornar a casa, de ficar mais perto da minha família e de resgatar um pouco da minha infância», asseverou, explicando ainda que tem o desejo de continuar a ajudar o seu clube:

«Estou agora envolvido no projeto para fazer ressurgir a Cabofriense. Queremos que a equipa volte a disputar a primeira divisão do Carioca, onde estão as melhores equipas do Rio de Janeiro.»

Com o carreira no futebol de campo encerrada, o foco agora é o futebol de mesa.

«A bola não é redonda, é quadrada. É um dadinho. O jogador tem direito a nove toques para finalizar em direção à baliza contrária. Se não conseguir disparar para o alvo, é uma falta técnica. Existem regras mais complexas, mas o jogo é fácil de entender com o decorrer do tempo», confessou.

Segundo o entrevistado, as leis da modalidade são idênticas nas partidas realizadas com os amigos. Porém, de forma descontraída, o antigo futebolista assegurou que os encontros contra pessoas próximas chegam a ser mais «competitivos e intensos».

O protagonista deste conto enalteceu que quer levar a sério este ponto de interesse e, como tal, já tem um (exigente) objetivo na mira: «Eu quero muito ser campeão brasileiro. No jogo por equipas, nós não estamos a safar-nos muito bem. Estou a treinar agora para estar bem nas competições individuais, para tentar conquistar alguma coisa pela Cabofriense.»

Uma missão certamente difícil. Todavia, o foco nesta instância é outro: André Felipe disputa agora o Regional, antes de entrar em campo para o Campeonato Brasileiro, em novembro. Recorde-se que na última prova mencionada participam todas as equipas de cada Estado. Veremos se Balada tem a ginga para erguer o tão desejado troféu.

Atenção, não é só lá fora que se joga!

Caro leitor, se acha que o futebol de mesa é uma realidade longínqua do paradigma português, desengane-se.

A Associação Portuguesa de Subbuteo foi fundada há 32 anos e é a principal impulsionadora da modalidade com o mesmo nome. O subbuteo - nome da empresa que criou o respetivo jogo - conta com pecinhas próprias, universais no plano competitivo. Tal como o futebol de botão, mais vulgarizado no Brasil, esta vertente do futebol de mesa não é profissionalizada, sendo praticada por mera carolice.

Segundo Luís Silva, líder da instituição, a modalidade já tem largos anos, mas o interesse e a curiosidade tem aumentado recentemente: «O último ano e meio ficou marcado pelo regresso de muitos jogadores mais velhos, que têm trazido os filhos consigo. Apesar disso, o número de afiliados tem-se mantido praticamente constante, num número a rondar as 200 pessoas. Temos jogadores de norte a sul do país, que participam nas diferentes etapas.»

Como forma de cativar um público mais jovem, a APS tem adotado estratégias diferenciadoras: «Temos projetos engraçados em duas escolas de Lisboa, na EB João Gonçalves Zarco e na EB 2/3 Quinta de Marrocos. Todas as semanas, na hora das atividades extracurriculares, damos aulas a crianças que escolheram ter o futebol de mesa. Nota-se perfeitamente o interesse e a evolução dos miúdos. Alguns deles já participaram, inclusive, em torneios da sua categoria.»

«As crianças, hoje em dia, tudo o que vêm à frente são telemóveis e consolas. O nosso objetivo enquanto associação é tirar os miúdos de dentro de casa para virem conviver com outras pessoas. Nem toda a gente tem jeito para jogar com os pés, então dizemos, em tom de brincadeira, para virem jogar com as mãos. O nosso mote é mesmo 'o futebol na ponta dos dedos'», acrescentou.

Campeões lusos espalhados por toda a parte

Esta paixão vai além fronteiras. Se Espanha e Inglaterra (país onde o jogo apareceu) têm um vasto leque de participantes, em Itália trata-se de um autêntico mundo. Por exemplo, em Portugal só existe uma única divisão, já na Terra da Bota existem três escalões distintos, com 16 equipas (!) em cada um.

Desta forma, a Federation of International Sports Table Football organiza regularmente competições europeias, desde Open's a Major's e Grande Prémios, seguindo o modelo competitivo do ténis. Com tantas provas a serem disputadas mundialmente, as terras lusas acolhem alguns torneios.

«O Belenenses [atual campeão português] organizou, em outubro do ano passado, a Liga Europa da modalidade. Estiveram presentes 20 equipas do nosso continente, cerca de 140 jogadores. Isto mostra a força deste jogo», referiu Luís Silva, antes de enumerar os múltiplos portugueses que já fizeram história.

Carolina Villarigues tornou-se a melhor jogadora do mundo em 2016, enquanto Max Pereira foi campeão mundial sub-12, tendo levantado o troféu no ano transato. Para além disso, muitos lusos atuam por equipas estrangeiras, com poderio e recursos superlativos: Sérgio Ramos representa o Bologna Tigers e Sérgio Loureiro joga pelo Napoli Fighters, ambas formações italianas.

Muitos crescem a desenvolver esta paixão, outros só a descobrem mais tarde. Apesar de estar cercada por um muro de estranheza, o futebol de mesa está mais vivo do que nunca. E André Balada que o diga.

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