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·5. Juli 2025

13 anos do título da Libertadores: 2012 perfeito não resultou em legado financeiro para o Corinthians

Artikelbild:13 anos do título da Libertadores: 2012 perfeito não resultou em legado financeiro para o Corinthians
  1. Por Daniel Keppler / Redação da Central do Timão

Em um dia como esta sexta-feira, mas há 13 anos, o Corinthians conquistava a América. O título inédito da Copa Libertadores foi obtido após o Timão vencer por 2 x 0 o Boca Juniors-ARG, diante de quase 38 mil torcedores no Pacaembu. Meses depois, a alegria da Fiel seria completada com a conquista do bicampeonato do Mundial de Clubes da FIFA, após superar por 1 x 0 o Chelsea-ING na final disputada em Yokohama.

Após o que boa parte da torcida define como uma temporada praticamente perfeita do Corinthians, muitas esperanças foram depositadas no futuro do Alvinegro, que se mostrava promissor. No entanto, após mais de uma década do feito realizado, é difícil enxergar algum legado deixado por aquele 2012 onde o Parque São Jorge se tornou a capital não apenas da América, mas do Mundo.


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Foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians

Foi possível chegar a esta conclusão após uma análise, feita pela Central do Timão, dos demonstrativos financeiros do Corinthians entre 2012 e 2015. Nesta análise, foi possível verificar que a administração do clube teve dificuldades para transformar a visibilidade do então campeão continental e mundial em mais dinheiro no caixa do clube. A realidade, inclusive, é oposta: a saúde financeira do clube piorou após 2012.

Recordes em 2012

O ano de 2012 foi especial para o Corinthians. Com dois títulos internacionais conquistados, sendo um inédito para o clube, a gestão Mário Gobbi, eleita em fevereiro, pôde celebrar um exercício de números recordes em diversas vertentes. Apenas em direitos de transmissão, por exemplo, o clube somou R$ 153,8 milhões (37% a mais que em 2011, que também havia sido um recorde).

Outros recordes históricos de receita vieram nas rubricas de patrocínios e publicidade (R$ 64,6 milhões), bilheteria (R$ 35,1 milhões), contribuições dos sócios (R$ 9,7 milhões), explorações comerciais (R$ 15,4 milhões) e licenciamentos e franquias (R$ 21,6 milhões). Já no grupo “Fiel Torcedor, premiações e outros”, o Corinthians obteve R$ 23,6 milhões – valores turbinados pelos ganhos, justamente, com as conquistas da Libertadores e do Mundial.

Os ganhos com estes títulos, aliás, são uma mostra de como as receitas de premiação deram um salto nos últimos anos. Em 2012, o Corinthians ganhou somente R$ 5,99 milhões (US$ 3,39 milhões) da Conmebol e R$ 10,5 milhões (US$ 5 milhões) da FIFA pelas conquistas da Libertadores e Mundial respectivamente. Ou seja, além de os valores serem baixos, comparados aos de hoje, a cotação da moeda estadunidense frente ao real também era muito menor, variando naquele ano entre R$ 1,70 e R$ 2,00.

Ainda assim, o clube faturou R$ 358,5 milhões brutos em 2012, 23% a mais que em 2011 e o suficiente para seguir com o “título” de maior receita do futebol brasileiro, o que já ocorria desde 2009. No entanto, o crescimento dos gastos cresceu de forma similar, sobretudo no futebol.

Apenas com pessoal, por exemplo, o futebol alvinegro desembolsou R$ 105,4 milhões (44% a mais que no ano anterior). No fim das contas, o superávit do Corinthians naquele ano histórico acabou sendo de apenas R$ 7,5 milhões. Além disso, a dívida se manteve no mesmo patamar, variando de R$ 178,5 milhões em 2011 para R$ 177,1 milhões em 2012.

Retrocessos em 2013 e 2014

A análise dos anos seguintes, porém, mostra que 2012 não apenas foi um ano onde a gestão “desperdiçou” receitas excepcionais ao permitir o crescimento excessivo das despesas, como falhou em criar formas de manter o faturamento em nível similar a curto e médio prazo. Em outras palavras: o fato de ser campeão continental e mundial não foi devidamente monetizado pelo Corinthians, com o clube registrando quedas bruscas de receitas em 2013 e 2014.

Em 2013, por exemplo, o Alvinegro viu suas receitas com direitos de TV despencarem 33% para apenas R$ 102,5 milhões. Somado a outras reduções menores nas outras rubricas, o futebol registrou receita bruta de R$ 279,1 milhões neste ano. Somando o clube social, o Corinthians registrou R$ 316 milhões em receitas brutas (12% a menos que em 2012). O número só não foi ainda menor pois R$ 69,1 milhões foram obtidos em vendas de atletas, mais que o dobro dos R$ 33,8 milhões do ano anterior

A maior dependência deste tipo de receita, considerada extraordinária (ou não-recorrente, no jargão financeiro), também é um sinal da piora da saúda das finanças do clube justamente após um ano considerado histórico. Se em 2012 apenas 9,4% das receitas totais tiveram origem na venda de jogadores, no ano seguinte este índice mais que dobrou, saltando para 21,9%.

Outro dado que chama atenção é a queda nas explorações comerciais, um nicho que em tese poderia ter sido fortalecido graças ao status de campeão vigente da América e do mundo, mas que se reduziu em impressionantes 65% no ano de 2013 e regredindo ao menor valor desde 2006. De positivo, apenas a alta no arrecadado com as contribuições de sócios, que subiu para R$ 12,1 milhões (alta de 25%).

As despesas, no entanto, não caíram. Ao invés disso, voltaram a crescer, ainda que em menor ritmo. O futebol custou um pouco mais do que em 2012, mesmo com desempenho inferior, chegando a R$ 248, 2 milhões – novo recorde histórico. Ao todo, o clube até voltou a ficar no azul, com superávit de R$ 1 milhão, mas a dívida subiu para R$ 193,7 milhões (9% a mais que no ano anterior).

No ano seguinte, a ausência do Corinthians de competições internacionais e a recém-construída Arena intensificaram a deterioração das finanças do clube, apesar da estabilidade na arrecadação com direitos de TV, patrocínios e publicidade. A bilheteria total de 2014, por exemplo, ficou em apenas R$ 6,9 milhões, equivalente aos primeiros meses do ano. Isso pois o arrecadado após a inauguração da Arena, em maio, foi enviado para o fundo de quitação do empréstimo com o BNDES.

As vendas de atletas também foram reduzidas, para R$ 41 milhões, e os números com licenciamentos e explorações comerciais voltaram a ser atingidos. Com isso, o futebol corinthiano em 2014 registou receitas brutas de somente R$ 230 milhões, ou R$ 258,2 somando o clube social. Ambos os números foram os menores registrados desde 2010.

Porém, a redução das despesas foi muito menor do que o ocorrido no faturamento, com o clube mantendo altos gastos no futebol, ainda que os resultados tenham sido ainda piores – 2014 foi o primeiro ano desde 2010 onde o Corinthians não conquistou títulos. Com isso, foi inevitável que o futebol registrasse prejuízo: o déficit operacional foi de R$ 21 milhões, o pior índice desde 2005.

Com as despesas financeiras também em alta e o clube social registrando o pior resultado operacional de sua história, o abalo nas contas foi imenso, com o Corinthians amargando assustadores R$ 97,015 milhões de déficit. Foi, de longe, o pior exercício financeiro da história do clube, fazendo a dívida saltar para R$ 313,5 milhões.

Apenas em 2016 as receitas corinthians voltam a atingir um recorde histórico, sustentadas pela renovação dos direitos de TV com a Globo e pelo desmanche do elenco campeão brasileiro no ano anterior. No entanto, a lógica de despesas cada vez mais crescente e os saltos no endividamento nos anos anteriores tornaram a recuperação financeira do clube um cenário cada vez mais distante – e as glórias de 2012 se transformaram, para sempre, em memórias sem um legado concreto nas contas alvinegras.

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