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Luiz Signor·29 de novembro de 2020

Chape vivia maior momento da história quando tragédia abalou o mundo

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Foi na madrugada do dia 29 de outubro de 2016 – considerando o horário brasileiro – que 71 vidas foram perdidas em uma das maiores tragédias do esporte em toda a história.

A queda do avião que levava a delegação da Chapecoense, profissionais da imprensa e convidados caiu antes de chegar ao destino na Colômbia, interrompendo sonhos e causando dor à toda a comunidade esportiva.


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A Chape de Caio Júnior, Danilo, Cleber Santana, Bruno Rangel & Cia. vivia o maior momento de sua história. Era o ápice de uma arrancada impressionante.

Tinha conquistado a simpatia e torcida de milhões de brasileiros e se preparava para disputar a primeira final internacional de sua história, a da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional de Medellín.

De sem divisão ao ápice

Entre 2000 e 2006, a Chape não disputou nenhuma competição nacional. Jogou a Série C de 2007 sem sucesso e, logo na primeira edição da Série D que participou (2009), ficou em terceiro, voltando à Terceirona.

Foram três anos na Série C até o acesso em 2012, com o terceiro lugar. E foi à Série A – o que não acontecia desde 1979 – com o vice-campeonato da edição de 2013 – que teve o Palmeiras campeão.

O Verdão do Oeste disputou a sua primeira Sul-Americana já em 2015 após o 15º lugar no Brasileirão de 2014. E repetiu a presença no torneio sul-americano no ano seguinte após a 14ª colocação na Série A.

A campanha histórica

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Passou pelo Cuiabá com vitória por 3 x 1 em Chapecó – tinha perdido na ida por 1 x 0 e, depois, emendou uma sequência de jogos épicos.

Eliminou o Independiente com vitória por 5 x 4 nos pênaltis após dois 0 x 0. Danilo provava sua vocação para herói: defendeu quatro cobranças.

Na sequência, foi a vez de superar o Junior Barranquilla. Derrota na Colômbia por 1 x 0 e vaga após o 3 x 0 em Chapecó.

Aí veio o San Lorenzo. Após o 1 x 1 em solo argentino, a classificação histórica à final veio com um sofrido e histórico 0 x 0.

Blandi, atacante da equipe argentina, teve a chance de garantir a vitória argentina no último minuto do jogo na Arena Condá, após cobrança de falta. Mas Danilo, o predestino, defendeu com o pé direito. A Chape disputaria o título.

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A tragédia

A delegação da Chape – incluindo a diretoria do clube -, profissionais da imprensa e convidados deixaram Guarulhos com destino a Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.

Só que a última etapa do voo até Medellín feita a abordo do avião da LaMia de matrícula CP2933 jamais foi cumprida.

O relatório final da Aeronáutica Civil da Colômbia confirmou: a falta de combustível foi a causa da queda. Eram necessários 11,6 mil quilos de combustível para o trajeto, mas a aeronave só comportava 9,3 mil quilos.

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O aeroporto de Bogotá estava 142 km de distância quando a luz de emergência indicando falta de combustível foi acionada. Mas a decisão pelo pouso de emergência – comunicado a situação à torre de controle – não aconteceu de imediato. O que selou o destino da aeronave.

Homenagens e título

A dor pela tragédia foi tomada pelas manifestações de solidariedade e diversas homenagens. A mais impactante delas veio no dia seguinte ao acidente, quando Atlético Nacional e Chapecoense fariam o jogo de ida da final da Sul-Americana no Atanasio Girardot.

O estádio ficou lotado com mais de 52 mil pessoas e milhares ao lado de fora. Diversas vezes o grito “Vamos, vamos, Chape”, que virou símbolo daquele time, foi ecoado.

O público, vestido de branco, levou velas e flores. E 71 pombas foram soltas em homenagens às vítimas.

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O clube colombiano tomou a iniciativa de oferecer o título ao clube catarinense desde o início. E a Conmebol oficializou tal decisão no dia 5 de dezembro, com o troféu sendo erguido por Plínio de Nes Filho, que assumiu a presidência da Chape após a tragédia, no dia 22 de dezembro.

A temporada de 2017 foi iniciada com a chegada de vários jogadores – muitos emprestados – e uma comissão técnica nova. E a Chape levou o Catarinense mesmo diante de tantas dificuldades. Ainda ficou com a oitava colocação no Brasileirão – desempenho histórico.

O time não passou da fase de grupos da Libertadores graças a uma punição por escalação irregular. Em terceiro no seu grupo, foi à Sul-Americana e parou nas oitavas de final para o Flamengo.

Sem solução

As famílias das vítimas ao acidente ainda tentam a indenização do seguro da aeronave que levava a delegação. Já houve uma ação pública contra as empresas envolvidas, um processo em andamento nos EUA e criação de uma CPI no Senado.

A apólice de seguro foi contratada no valor de 25 milhões de dólares. A segurada ainda se recusa a fazer o pagamento, pois considera que havia problemas no voo. E o imbróglio segue até hoje.

Momento de recuperação

Após uma temporada de pouco brilho, a Chapecoense acabou rebaixada à Série B do Brasileirão no ano passado com uma campanha de apenas sete vitórias.

O 2020 começou com uma campanha ruim no Catarinense – com ameaça de rebaixamento -, mas uma reação levou o time à próxima fase e, depois, ao título estadual.

A campanha na Série B é de destaque. Apesar das duas derrotas seguidas, o Verdão do Oeste ainda é, com 47 pontos, o líder.

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Foto destaque: Douglas Magno/AFP via Getty Images